segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PALAVRA DE VIDA

Será um sinal... (Lc 11, 29-32)
Quando Nínive recebeu a visita de Jonas (ainda que o profeta ali chegasse a contragosto), seus habitantes levaram a sério o prenúncio de um “castigo do céu”. Por isso mesmo, fizeram penitência.

Penitência... Uma palavra antiga, algo desusada, que a Quaresma insiste em recordar, ainda que se resuma a um pouco de cinza na testa... Penitência que devia ser um sinal exterior de uma disposição interior. Algo que falasse, por fora, do profundo pesar interior de ter pecado e ofendido um Deus todo-amor.

No caso de Nínive, seus habitantes – inclusive o rei – fizeram jejum e vestiram roupas ásperas, invocando a misericórdia de Deus. Mesmo os animais ficaram sem a ração de costume. De algum modo, a figura de Jonas sinalizara aos ninivitas a urgência da crise, a premência da conversão, a singularidade daquele momento.

Quando veio Jesus Cristo – e ali estava algo mais do que Jonas! (cf. Lc 11, 32) -, também ele devia ser percebido como o máximo sinal da parte de Deus: uma oportunidade extrema de salvação. Mesmo ao ressurgir, ao terceiro dia, como Jonas, continuou repelido e rejeitado pelos homens do Templo, pelos guardas da Lei. Acolhido apenas por pecadores e prostitutas, guerrilheiros e velhos pescadores, os publicanos e a ralé desqualificada...

Veio o ano 70d.C. As legiões de Tito, filho de Vespasiano, arrasaram Jerusalém. Num raio de 50km, os romanos cortaram cada árvore, para que a resistência judaica não pudesse encavar uma foice, uma única lança. Do Templo sagrado, não ficou mais que um muro lateral. Os sacrifícios a Yahweh interromperam-se para sempre. A oportunidade tinha passado...

E nós? De que sinais ainda necessitamos? Uma Terceira Guerra mundial? Um conflito atômico? Outra epidemia além do Ebola, da Aids e da gripe aviária? Mais alguns tsunamis? Mais 2 bilhões de famintos? Outro furacão em Nova Orleans? A morte do último padre? A separação do último casal?

Não me entendam mal. Não estou dizendo que tudo isso é “castigo” de Deus. Estou afirmando que já temos sinais suficientes para buscar em Deus um sentido para nossa vida. Estou clamando que já conhecemos muito bem o que resulta de uma existência sem Deus.

E pode ser o último sinal...

Orai sem cessar: “Senhor, não abandoneis a obra de vossas mãos!” (Sl 138, 8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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