Fazei o que ele vos disser... (Jo 2,1-11)
As empresas têm suas normas. Os
equipamentos trazem anexo o manual de instruções. Nós, criaturas, recebemos de
Deus os Dez Mandamentos. Não é curioso que a tentação básica, para nos afastar
do amor divino, esteja centrada exatamente no louco impulso de autonomia que
nos seduz para fora do querer divino?
A tentação é a mesma do início:
decida você mesmo aquilo que é bom ou mau para você! Não aceite tutor! Seja
você mesmo o seu Dono e Senhor! Não preciso de que me digam o que fazer. Sei
muito bem onde tenho o meu nariz!
Ora, nós somos criaturas. Não somos
o Criador. Nossa visão é imperfeita, nossa miopia nos leva aos atalhos
tortuosos, aos brejais sem saída. Seguindo as inclinações naturais, fazemos
guerras e causamos desastres...
E por falar em desastres, é a sua
possibilidade que nos leva a instituir as leis de trânsito, com mão e
contramão, luzes verdes e vermelhas, faixas preferenciais e limites de
velocidade. E só um louco alegaria direitos de autonomia para dirigir na
contramão e avançar o sinal vermelho. Obedecer às normas é garantia de vida...
Quando Deus nos enviou seu Filho,
nascido de Mulher, imerso em uma sociedade humana, falando um de nossos
idiomas, o Senhor mostrava claramente sua intenção de nos orientar em nossa
caminhada existencial. Por isso mesmo, no alto do Tabor, a voz que saía da
nuvem advertia: “Este é o meu Filho. Escutai-o!” E não é que Deus deseje nos
fazer escravos: ele sabe de nossa fraqueza, quer sustentar-nos em sua força.
Neste Evangelho, no meio de um
casamento da roça, quando o vinho faltava e a alegria estava ameaçada, é a Mãe
de Deus que diz aos serventes: “Fazei o que ele vos disser!” Assim, Maria
encarna o papel da Igreja, preparando os ouvidos da humanidade para acolher a
Palavra que, acolhida e obedecida, permite que entre nós se experimente a
alegria apagada, a paz ameaçada, a esperança perdida.
Nós somos pequenos, crianças em
crescimento. Nós não nos bastamos, nosso conhecimento é relativo, nossa vontade
fragilizada. Dependemos em tudo do dinamismo do Espírito de Deus, de suas
luzes, de seu ânimo. A verdadeira sabedoria – aquela que salva – consiste em
submeter livremente nossa vontade à vontade de Deus.
Orai sem
cessar: “Meu
Deus, quero fazer o que te agrada!” (Sl 40,9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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