segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Faze isto e viverás! (Lc 10,25-37)

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            Neste Evangelho, Jesus dialoga com um doutor da lei, isto é, um judeu especialista nos textos mosaicos, conhecidos como a “Torah”. O “legista” pergunta sobre o necessário para ter como herança a vida eterna. Jesus devolve-lhe a pergunta: - “O que está escrito na Lei?” Se Jesus de Nazaré não fosse tão educado, poderia ter dito: “Ora, você tem doutorado na Lei e não sabe a resposta?”

            Mas o interlocutor, de fato, conhece bem seu texto. Prontamente ele repete o “Shemah”, recitado diariamente por um israelita fiel. E ali está o preceito de amar ao Senhor Deus de todo o coração [cardía], com toda a alma [psichê], com toda a inteligência [dianoia]. Um amor total, totalizante. E Jesus, antes de narrar a bela parábola do “bom samaritano” – exatamente um não judeu que pratica a “Shemah” de Israel! -, aponta ao doutor da lei: - “Faze isto e viverás!”
            Aqui está o nosso problema: não podemos alegar ignorância da vontade de Deus. Desde a infância, os pais e mestres nos transmitiram as mesmas palavras: “amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”. Os Evangelhos – outrora restritos a raros pergaminhos – estão hoje publicados em centenas de idiomas, à disposição de todos. E exatamente por não ignorar os mandamentos, não temos como justificar seu descumprimento.
            Em pauta, a neurose entre o conhecimento e a prática. E a resposta de Jesus deixa claro que não basta o conhecimento (como ensinavam os gnósticos) para chegar à salvação, mas é preciso dar o salto da teoria à prática, da letra ao espírito.
            Assim, penso entender a mente daqueles que fogem do Evangelho como o diabo foge da cruz: é preferível manter-se na ignorância do que viver em permanente estado de culpa por não cumprir os preceitos já conhecidos. É como se gritassem: - “Não me ensinem o caminho, porque já decidi não caminhar por ele!” E não deixam de manifestar certo infantilismo, como o jovem que dá as costas para não ouvir o conselho do pai...
            Uma consciência reta quer, sim, conhecer a Lei de Deus. E deseja esse conhecimento para, na obediência, pô-lo em prática e demonstrar seu amor por Aquele que nos dá a Lei. Afinal, um filho jamais irá considerar os preceitos paternos como um fardo, mas como preciosa âncora de salvação.
Orai sem cessar: “Senhor, faze-me viver nos teus caminhos!” (Sl 119,37)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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