quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

PALAVRA DE VIDA

 Atiravam-se sobre ele para tocá-lo... (Mc 3,7-12)
Imagem relacionada            Esta passagem do Evangelho mostra claramente a atração que Jesus de Nazaré exercia sobre as multidões: todos queriam tocá-lo. Os evangelistas registram que o contato físico com Jesus era ocasião de curas físicas e libertações espirituais.

            Além daqueles episódios em que Jesus tocou o corpo de alguém com a intenção deliberada de curá-lo – como o surdo-mudo de Mc 7,33, quando o Senhor enfiou os dedos em seu ouvido e tocou sua língua com a própria saliva -, houve casos em que a cura aconteceu com o contato sem que Jesus esperasse por ele. Foi assim que a mulher com hemorragia (cf. Mc 5,25ss) se aproximou por trás e tocou-lhe o manto, sendo prontamente curada de uma enfermidade que durava doze anos. No final do capítulo 6º, São Marcos registra que os doentes eram trazidos a Jesus na esperança de, pelo menos, tocarem a franja de seu manto, sendo então curados.
            Esta constatação nos leva a considerar as consequências da encarnação do Verbo de Deus. Agora, nascido de Mulher, o Verbo tem um corpo que faz “contato” direto com nossa humanidade. O Deus inacessível, transcendente, puro espírito, põe-se ao nosso nível, oferecido ao toque de nossas mãos. Ele não faria assim se nós, os humanos, não tivéssemos necessidade deste contato direto...
            A experiência de Deus não se resume a uma fé quimicamente pura, que dispense a via sensorial. Não admira que os sacramentos da Igreja incluam uma “matéria” que apela aos sentidos: o vinho vermelho, a água fria, o óleo perfumado... Após a encarnação do Verbo, a Graça se destina também aos nossos corpos mortais.
            Isto nos permite compreender a atração que os santos sempre exerceram sobre as multidões, que não se contavam em ouvi-los, mas os cercavam na expectativa de tocá-los. Foi o caso de Dom Bosco, nos últimos anos de sua vida, quando sua presença em cidades da França tornavam as ruas intransitáveis pelo acúmulo de fiéis.
            Há outra consequência disso: o cristão, portador de Cristo, deve estar pronto a fazer “contato” com os outros, levando a eles não apenas o som das palavras, mas uma convivência mais próxima, a exemplo de Jesus, que se assentava à mesa com os pecadores e jamais fugiu ao toque de suas mãos...
Orai sem cessar: “Todos que o tocaram ficaram curados...” (Mt 14,36b)

Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.

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