sexta-feira, 1 de março de 2013

PALAVRA DE VIDA


A época das colheitas... (Mt 21,33-43.45-46)
            Nós vivemos no tempo. Humanos, somos seres “históricos”. Depois, virá a eternidade. Por ora, temos um tempo (ninguém sabe quanto!) para viver e cumprir nossa tarefa...
            Esta duração a que chamamos “tempo” se manifesta em ciclos sucessivos. Assim as estações do ano: primavera, verão, outono, inverno. Chuvas, flores, frutos, neves. Os poetas (essa raça movida a lirismo!) não se cansam de recorrer ao ciclo das estações como imagem da própria vida humana: infância, juventude, maturidade, velhice.
            Desde que inventamos medidores de tempo – o quadrante solar, a ampulheta, a clepsidra, o relógio mecânico, o atômico – estamos atentos à passagem do tempo e à sucessão das horas. Até a vida monástica se organizou em torno das “Horas”: matinas e laudes, prima, terça, sexta e noa, vésperas e completas. Toca o sino, cortando o dia e a noite em fatias de orar e laborar. E a vida passa...
            É assim também a vida no campo: preparar a terra, semear, deixar crescer e, enfim, colher. Quem não semeia, não colhe. O futuro é feito do passado. “Quem semeia entre lágrimas, há de colher com alegria”, diz o salmista. (Sl 126, 5.) E “o que semeia pouco, pouco há de ceifar” (cf. 2Cor 9, 6). Mas virá a hora da colheita – diz a parábola de hoje -, quando o Senhor da Terra há de verificar o trabalho que fizemos, à espera de algum retorno para seu investimento em nós.
            Nesta parábola, o fruto do trabalho humano não só é negado ao legítimo Dono, mas até mesmo seu Filho único é morto pelos vinhateiros. Os lavradores da vinha agem como se fossem senhores da terra. Uma usurpação. Um misto de rebeldia e rejeição que não ficará sem castigo.
            Claro que Jesus – o narrador e, ao mesmo tempo, o Filho assassinado! – se refere pontualmente à história de seu próprio povo, a quem Deus já se dirigira pelos profetas e, na plenitude dos tempos – isto é, na hora da colheita! – por seu próprio Filho.
            Estamos diante do terrível mistério da recusa de Deus. Ele se mostra, se oferece, se entrega, e nós o recusamos?
            Qual será a nossa colheita?
Orai sem cessar: “Minhas horas estão em tuas mãos, Senhor!” (Sl 31,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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