A época das colheitas... (Mt 21,33-43.45-46)

Esta duração a que chamamos “tempo”
se manifesta em ciclos sucessivos. Assim as estações do ano: primavera, verão,
outono, inverno. Chuvas, flores, frutos, neves. Os poetas (essa raça movida a
lirismo!) não se cansam de recorrer ao ciclo das estações como imagem da própria
vida humana: infância, juventude, maturidade, velhice.
Desde que inventamos medidores de
tempo – o quadrante solar, a ampulheta, a clepsidra, o relógio mecânico, o
atômico – estamos atentos à passagem do tempo e à sucessão das horas. Até a
vida monástica se organizou em torno das “Horas”: matinas e laudes, prima,
terça, sexta e noa, vésperas e completas. Toca o sino, cortando o dia e a noite
em fatias de orar e laborar. E a vida passa...
É assim também a vida no campo:
preparar a terra, semear, deixar crescer e, enfim, colher. Quem não semeia, não
colhe. O futuro é feito do passado. “Quem semeia entre lágrimas, há de colher
com alegria”, diz o salmista. (Sl 126, 5.) E “o que semeia pouco, pouco há de
ceifar” (cf. 2Cor 9, 6). Mas virá a hora da colheita – diz a parábola de hoje
-, quando o Senhor da Terra há de verificar o trabalho que fizemos, à espera de
algum retorno para seu investimento em nós.
Nesta parábola, o fruto do trabalho
humano não só é negado ao legítimo Dono, mas até mesmo seu Filho único é morto
pelos vinhateiros. Os lavradores da vinha agem como se fossem senhores da
terra. Uma usurpação. Um misto de rebeldia e rejeição que não ficará sem
castigo.
Claro que Jesus – o narrador e, ao
mesmo tempo, o Filho assassinado! – se refere pontualmente à história de seu
próprio povo, a quem Deus já se dirigira pelos profetas e, na plenitude dos
tempos – isto é, na hora da colheita! – por seu próprio Filho.
Estamos diante do terrível mistério
da recusa de Deus. Ele se mostra, se oferece, se entrega, e nós o recusamos?
Qual será a nossa colheita?
Orai sem
cessar: “Minhas horas estão em tuas mãos, Senhor!” (Sl 31,16)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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