Quando
professamos nossa fé com o Símbolo dos Apóstolos – o Credo -, afirmamos crer na
“remissão dos pecados”. Um católico “normal” não duvida de que o sacerdote
exerça um poder especial, conferido por Deus, ao absolver o penitente dos
pecados arrependidos e confessados. Mas é bem possível que ele não associe esta
“remissão” à ação pontual do Espírito Santo no coração da Igreja. E que não
perceba a ligação do perdão recebido com o múnus santificador da Igreja de
Cristo.
Neste
Evangelho, quando Jesus, já ressuscitado, atravessa as portas fechadas do
Cenáculo onde se reuniam os discípulos, fica bem claro na redação – ainda que
bastante elíptica – o papel central do Espírito Santo na função confiada aos
apóstolos: perdoar ou reter os pecados. Aliás, estamos diante de um hápax: é a
única vez, em todo o Evangelho de São João, que o evangelista emprega o verbo
grego “aphíemi” [perdoar].
O “Catecismo
da Igreja Católica” nos ensina: “O Símbolo dos Apóstolos correlaciona a fé no
perdão dos pecados com a fé no Espírito Santo, mas também com a fé na Igreja e
na comunhão dos santos. Foi dando o Espírito Santo a seus apóstolos que Cristo
ressuscitado lhes conferiu seu próprio poder divino de perdoar os pecados”.
(CIC, 976)
É natural
que a missão da Igreja, ao dar prolongamento na história à própria missão do
Salvador Jesus, além de anunciar a Boa Nova e edificar um Reino para Deus,
inclua também o perdão dos pecados. E, ao fazê-lo, apenas repete os gestos do
próprio Jesus (cf. Mc 2,5; Lc 7,47; Jo 8,11). O fato de que a Igreja tinha
plena consciência de sua missão de perdoar pecados transparece na Carta de
Tiago (5,15-16).
Chega a ser um
tanto ridícula a pretensão de viver uma vida “no Espírito” sem o recurso
frequente ao sacramento da Reconciliação ou confissão dos pecados.
De volta ao
Catecismo: “O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos,
que remiu os pecados do paralítico e restituiu-lhe a saúde do corpo, quis que
sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de
salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois
sacramentos de cura: o sacramento da Penitência e o sacramento da Unção dos
Enfermos”. (CIC, 1421)
Orai sem cessar: “Senhor, tu és bom e pronto a
perdoar!” (Sl 86,
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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