Brilhe
a vossa luz!
(Mt 5,13-16)
“As imagens evangélicas do sal e da
luz, embora se refiram indistintamente a todos os discípulos de Jesus, são
particularmente significativas se aplicadas aos cristãos leigos e leigas.” São
palavras do Documento 105 da CNBB [2016] sobre os leigos na Igreja e na
sociedade. E prossegue: “Expressam sua inserção profunda e participação plena
nas atividades e situações da comunidade humana e, sobretudo, falam da novidade
e originalidade de uma inserção e de uma participação destinadas à difusão do
Evangelho que salva”. (Nº 13)
O discípulo é iluminado por Jesus.
Aliás, os primeiros cristãos chamavam o Batismo de “iluminação”. Quando Jesus
diz que os discípulos são a “luz do mundo” (Mt 5,14), atribui a eles uma
definição que aplicaria a si mesmo: “Eu sou a luz do mundo” (cf. Jo 9,5). Mas
essa luz deve brilhar diante dos homens, condição para que Deus seja
glorificado quando as boas obras dos fiéis vierem à luz. Exemplo disto nós
presenciamos com a morte de João Paulo II, quando o reconhecimento universal de
sua santidade manifestou-se em louvor e ação de graças ao Senhor.
O Mestre nos alerta para um risco a
ser evitado: acender a candeia e, a seguir, deixá-la debaixo do alqueire. O
“alqueire” não é um “caixote”, como traduziu com humor certo folheto de missa,
recentemente. Alqueire era, na Palestina antiga, uma medida para cereais, algo
como um grande pote de barro, cuja capacidade não foi possível determinar.
Na sua infância, em Nazaré, quando a
Sagrada Família se preparava para dormir, Jesus via que Maria cobria com um
pote de barro a lamparina de azeite. Se soprasse a chama, mesmo torcendo o
pavio com os dedos (como faziam os sacristãos de antanho), a pequena casa seria
invadida pelo cheiro acre de coisa queimada. Cobrindo a chama com o pote, logo
ficaria sem o oxigênio e se apagaria, sem empestar o ambiente... Desde a infância,
Jesus deve ter pensado em sua missão, refletindo: “Jamais apagarei a chama que
ainda fumega”. Isto é, sempre darei mais uma oportunidade ao pecador, à mulher
hesitante, ao homem fraco. Isto ajuda a entender sua relação com Judas...
A luz que brilha sobre o candelabro
é o cristão que dá testemunho de sua fé por meio de uma vida coerente com a
crença que alega ter. A filha que cuida com amor da mãe entrevada, o filho que
sustenta o velho pai, a mãe que se desgasta na educação dos filhos, as mãos calejadas
do trabalhador – tudo isto são lampejos de luz para clarear um mundo de trevas.
É remédio para o egoísmo, para o utilitarismo, para a autopromoção, para a
indiferença.
O Concílio Vaticano II reconhece que
“a luz do mundo” é Cristo (cf. LG, 1). Mas a Igreja deve ser uma “casa
iluminada”: de suas janelas abertas para o mundo, o brilho dos fiéis espanta as
trevas do planeta.
Sou luz? Ou espalho as trevas à
minha volta?
Orai sem cessar: “O Senhor é minha luz e minha salvação!” (Sl
27,1)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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