Aquele que vós
não conheceis... (Jo 7,1-2.10.25-30)
E nós?
Conhecemos a Deus?
Na Bíblia, o
verbo “conhecer” tem ressonâncias que vão além da mera informação, da coleta de
dados, do contato com a realidade. “Conhecer” lembra a intimidade conjugal,
quando o homem “conhece” sua esposa. (Cf. Gn 4,1; Lc 1,34.)
Há quem
pense em Deus como o “grande relojoeiro”, aquele ser distante que montou a
engrenagem do Universo e cuida de seu mecanismo, uma espécie de engenheiro de
operações para supervisionar a sequência dos dias e das noites? Será que isto é
conhecer a Deus?
Há quem
imagine Deus como um policial de plantão, de olho na gente, pronto a intervir
com a punição e o castigo adequado a cada transgressão da Lei. Será que isto é
conhecer a Deus?
Há quem se
lembre de Deus na hora das dificuldades, quando as coisas escaparam totalmente
de nosso controle humano; então, como quem se vale da varinha mágica ou do
gênio da lâmpada, recorremos ao poder superior sempre pronto a quebrar nossos
galhos e atender às nossas veleidades. Será que isto é conhecer a Deus?
Ainda há quem
se utilize de Deus como uma espécie de espada suspensa no teto, com a qual se
torna possível fazer que crianças arteiras andem na linha: “Papai do Céu não
gosta de menino que faz coisa feia!” Não admira que as crianças cresçam e
evitam toda aproximação desse deus-ameaçador! Será que isto é conhecer a Deus? E
pensar que Jesus veio a este mundo para sinalizar o amor do Pai! Para nos
revelar a verdadeira face de Deus: um rosto de Pai, solidário com nossa dor,
atento à nossa fome, alimentando as aves do céu e vestindo de ouro os lírios do
campo!
E Jesus, a
suspirar: “Se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos,
quanto mais o vosso Pai celestial vos dará o Espírito Santo àqueles que lho
pedirem!” (Lc 11,13.)
Orai sem cessar: “Senhor, mostra-nos o Pai!” (Jo 14,8)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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