Ninguém te condenou? (Jo 8,1-11)
Na verdade,
afirma João, tratava-se de um pretexto para deixar Jesus em má situação. Era
como se dissessem: - “Vamos ver como sai dessa o tal rabi da Galileia que tanto
fala em misericórdia... Se concorda com o apedrejamento, desmente tudo que já
ensinou. Se se posiciona a favor da adúltera, podemos acusá-lo de rejeitar a
Lei.” Assim, depois de citar os preceitos que mandavam apedrejar a infratora
(cf. Lv 20,10; Dt 22,23), espremem Jesus contra a parede: - “E tu, que dizes?”
Mas eles mentiam, de certa forma,
pois a Lei mandava aplicar a dura pena não somente contra a mulher, mas também
contra o parceiro de adultério. E Jesus se cala, se inclina e começa a escrever
com o mesmo dedo da mão direita na areia fina do pátio do Templo. Ali, era
exatamente a Terra de Moriá, onde Isaac tinha sido poupado da morte (Gn 22).
Não era lugar de condenação.
E o
contraste é ainda mais agudo quando se leva em conta que a Lei invocada pelos
acusadores havia sido gravada na pedra do Sinai, de modo indelével, e
transmitida a Moisés nos ásperos tempos da Velha Aliança. Desta vez, já em
clima da Nova e Eterna Aliança, é sobre a areia fina que Jesus escreve. Areia
que um leve sopro de vento desmancha, a-pagando os crimes e os castigos.
Areias de misericórdia...
Como os acusadores insistem, Jesus,
ainda inclinado, manda que a primeira pedra seja atirada por alguém que esteja
sem pecado. Depois de rápido exame de consciência, a começar pelos mais velhos,
eles se vão retirando um a um, deixando a sós Jesus e a pecadora. O Mestre
estende o dedo indicador para ela e pergunta: “Ninguém te condenou?” Ela
murmura: “Ninguém...”
“Nem eu te condeno, diz Jesus. Vai e
não tornes a pecar!” Aquele que detesta o pecado sempre terá reservas de amor
pelos pecadores, pois Deus é amor...
Orai sem
cessar: “Meu Deus
enviou seu anjo e fechou a boca dos leões!” (Dn 6,23)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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