terça-feira, 19 de março de 2013

PALAVRA DE VIDA


 Prometida em casamento... (Mt 1,16.18-21.24a)
            Sim, quando Gabriel levou a Maria a proposta de ser Mãe do Salvador, e ela aderiu ao desígnio do Senhor, a jovem era noiva de José. O original da TOB diz, em francês, “accordée en mariage”, prometida em casamento. A Bíblia de Chouraqui é mais direta: “fiancée”, noiva. E ninguém pense que isto “alivia a barra” de Maria. Naquela sociedade, noivado era coisa séria. O compromisso era celebrado, em geral, um ano antes do casamento, mas já tinha juridicamente o valor de matrimônio, ainda que os noivos permanecessem morando em suas próprias casas. O noivado era tão sério que, em caso de morte do noivo, a noiva passava a agir como viúva, vestida de luto e convivendo com as outras viúvas.
            Por isso mesmo, ao aparecer grávida, Maria estaria sujeita à pena de lapidação (apedrejamento) estabelecida pela Lei (cf. Dt 22,20-24; a leitura atenta mostra que também o homem envolvido merecia o mesmo castigo!). Ao perceber que Maria está grávida, terá passado pela mente de José esse estatuto legal, vendo-se dividido entre a evidência da gravidez e sua convicção da pureza e santidade de sua noiva. Assim, ao invés de denunciá-la publicamente, como previsto na Lei, pensava em afastar-se em segredo, sendo demovido da intenção pela visita do Anjo durante o sono.
            Duas pessoas admiráveis! Maria se mantinha em silêncio, não vendo como revelar o “segredo de Deus”, a concepção virginal do Messias prometido. Do outro lado, José, premiado pela Escritura com o título de “justo” (alguém que manifestava a justiça, i.é, a santidade de Deus!), abre mão de seu direito, mesmo sem entender a situação. Eis os dois bem no miolo do projeto divino de nos salvar. O Menino seria homem, pois nasceria de Mulher. Mas também era Deus, pois nascia sem a contribuição de um pai humano. O Anjo o deixa claro na “Anunciação a José”: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo.” (Mt 1,20.)
            E ao chamar José de “filho de Davi”, o anjo de Deus situava a Criança que devia nascer no contexto das promessas feitas pelo Senhor a Davi: “Suscitarei depois de ti a minha posteridade, aquele que sair de tuas entranhas, e firmarei o seu reino. Ele me construirá um templo... Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho.” (2Sm 7,12-14.) Exatamente a leitura desta Liturgia da solenidade de São José.
Orai sem cessar: “Em vós, Senhor, eu ponho a minha confiança!” (Sl 56,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

Nenhum comentário:

Postar um comentário