Um só homem
pelo povo... (Jo 11,45-56)
A História humana registra a existência
de muitos bodes expiatórios. Um milhão e meio de armênios foram massacrados
pelo Império Turco-otomano. Nos campos de concentração nazistas, milhões de
judeus foram exterminados nas câmaras de gás. Em pequena escala, estamos sempre
procurando por alguém que possa ser culpado ou responsabilizado por nossos
pequenos mal-estares.
Neste Evangelho, ainda que
inconscientemente, o Sumo Sacerdote Caifás profetiza a respeito da missão do
Salvador: “Interessa que morra um só homem pelo povo!” E o próprio evangelista
João interpreta de imediato essa profecia: a morte de Jesus era o sacrifício
que traria de novo a unidade dos filhos dispersos com o Pai.
Após
Pentecostes, o Espírito Santo convenceria a Igreja, sempre mais, a respeito do
sentido salvífico da morte de Jesus. É Paulo quem assevera: “Se por um só
homem, pelo pecado de um só [Adão] reinou a morte, com muito maior razão
aqueles que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida
por um só, que é Jesus Cristo!” (Rm 5,17)
Claro que Caifás pensava em outra
coisa... Diante dos milagres de Jesus, o povo o queria como rei (Jo 6,15). A
pretensão de ser o rei dos judeus seria gravada no título da cruz do Calvário
como o motivo da morte de Jesus. Pilatos o interrogaria a esse respeito (Jo 18,33).
E Caifás temia que a agitação crescente e uma possível sublevação provocassem
violenta reação das legiões romanas estacionadas na Palestina. A garantia da
paz e da manutenção do status quo pactuado entre os romanos e as
autoridades do Templo era a eliminação de Jesus. Sua morte garantiria a paz
para todos...
Mais uma vez, a amorosa Providência
divina iria atuar por meio dos projetos humanos, mesmo quando estes incluem o
ódio e os mais vis interesses. Deus joga para perder, sabendo que vai ganhar.
Aliás, esta é a marca do Amor...
Orai sem cessar: “Rompeu-se
a armadilha e nos achamos livres!” (Sl 124,7b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança.
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