Sou pecador... (Lc 18,9-14)

O leitor conhece alguém que não tem
pecados? Eu conheço. Gente que, ao ouvir falar no sacramento da Reconciliação
(popularmente conhecido como “confissão”), replica: “Mas, confessar o quê? Não
matei nem roubei! Eu não tenho pecados...” Um tipo assim pode ser tão caradura
que venha a apresentar a Deus uma fatura, cobrando um lugarzinho no céu!
Claro, não basta “não matar” e “não
roubar”. Corremos o risco de... não amar. E não amar é um grave
pecado... É por não amar que quebramos nossos juramentos de fidelidades,
abandonamos os filhos, ficamos indiferentes perante a dor do mundo... É por não
amar que gastamos nosso tempo em pequeninos programas e diversões pessoais,
acumulamos dinheiro com avareza e negamos a esmola, fazemos do prazer o alvo de
nossa existência. É por não amar que nos tornamos agressivos e agressores. É
por não amar que negamos o perdão e defendemos a pena de morte. É por não amar
que nos alegramos com a infelicidade dos outros. Basta?
Não. Não basta. Nossos pecados vão
muito além. Só que – como dizia o Papa Pio XII, já em 1948, “o maior pecado
deste século é a perda do sentido do pecado”. E, ignorando que somos pecadores,
mascarados de inocentes, temos sempre a língua afiada para acusar as pequenas
falhas dos outros. Se pudéssemos, teríamos igualmente uma lâmina afiada para
cortar o pescoço dos pecadores. Claro, os “outros pecadores”...
É hora de meditar na lição desta
incômoda parábola de Jesus Cristo: a oração dos honestos autossuficientes não
passa da laje do templo. A oração daquele que se reconhece como pecador mexe
com as entranhas de misericórdia de nosso Deus. Como cantava o Rei pecador, “um
coração contrito e humilhado, ó Senhor, tu não desprezarás!” (Sl 51,19).
Orai sem
cessar: “Minha culpa, Senhor, eu a confesso!” (Sl 37,19)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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