O primeiro de todos... (Mc 12,28b-34)
Mas essas “leis” não têm todas o
mesmo valor. É preciso levar em conta uma hierarquia entre esses preceitos e
mandamentos. Exatamente disto trata o Evangelho de hoje, quando Jesus traz como
alicerce do Decálogo o “direito” do Deus único a um amor absoluto, sem
limitações nem cláusulas: “Ama o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda
a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.”
Se este “primeiro” mandamento não é levado
em conta, isto é, se não reconhecemos Deus como o único Absoluto, logo
estaremos encontrando bons motivos e pretextos para não cumprir os demais,
conforme nossos interesses e conveniências. Afinal, se não amo a Deus de modo
absoluto, logo estarei amando o dinheiro, o poder, a fama, o prazer, a mesa
farta ou minha coleção de figurinhas premiadas. E pronto a ferir alguém por
causa de meus “amores”...
Daí, a
conclusão óbvia: a tentativa de viver uma ética puramente humana, baseada
apenas no bem comum, mas deixando de lado qualquer referência ao Criador, está
antecipadamente fadada ao fracasso. Nosso comportamento moral é inseparável de
nossa relação com Deus. Na Encíclica “O Esplendor da Verdade”, sobre a
doutrina moral da Igreja, o Papa João Paulo II escreveu: “Os primeiros
cristãos, provindos quer do povo judaico quer dos gentios, distinguiam-se dos
pagãos não somente pela sua fé e pela liturgia, mas também pelo testemunho da
própria conduta moral, inspirada na Nova Lei.” (VS, 26)
Isto devia ser tão claro, que sequer
gerasse polêmica: se não temos um Pai comum, não somos irmãos. Se não somos
irmãos, por que motivo iríamos abrir mão da ganância, do lucro, dos golpes que
nos enriquecem e prejudicam a outros? Se não somos irmãos, por que motivo nos
sacrificaríamos em benefício de outros? A fraternidade na horizontal humana só
tem sentido se vivemos a filiação na vertical divina. Não há irmãos sem um Pai
comum...
Orai sem
cessar: “Quanto eu amo a tua Lei, Senhor!” (Sl 119,97)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário