Vossa
tristeza se mudará em alegria... (Jo 16,16-20)
Diante da profunda tristeza que os
discípulos experimentam com o anúncio do regresso de Jesus ao Pai, o Mestre
ameniza um pouco a dor da despedida. Por um tempo não o verão, mas depois hão
de vê-lo novamente. O que Jesus não disse foi que esta nova visão seria
sacramental, isto é, por meio de sinais...
Após
Pentecostes, no entanto, já um tanto esmaecida a cena da Ascensão, quando a
comunidade de Jerusalém se reuniu para celebrar a Eucaristia, qual não terá
sido a surpresa dos discípulos quando foram convencidos de que o Pão e o Vinho
consagrados “eram” Jesus Cristo! O Ressuscitado estava ali, ao seu alcance,
vivo e vivificante!
Se, antes, a
voz de Jesus ressoava pelas margens áridas do Jordão, agora a mesma voz lhes
falava ao coração, suave, mas nítida. Se, antes, sob o céu estrelado da
Palestina, gostavam de ouvir o Mestre a falar dos mistérios do Pai, agora, os
mesmos mistérios parecem resplandecer no fulgor de cada hóstia.
Foi esta
intuição que me levou a compor o soneto A TUA VOZ:
A tua Voz ressoa nas quebradas,
Vai nos desfiladeiros e canhões...
- É a mesma Voz que fala aos corações
No silêncio das frias madrugadas.
A tua Voz nas noites consteladas
Move os astros em loucos turbilhões,
E, muito mais que mil constelações,
Vem clamar nestas hóstias consagradas!
Muito mais que o poder do Criador,
O Pão sagrado vem falar do Amor
Que se deixa tragar como alimento...
E, ali onde o poder se faz fraqueza,
No linho cândido de tua mesa,
A tua Voz me fala no Pão bento...
Orai sem cessar: “Senhor, dai-nos sempre deste pão!” (Jo 6,34)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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