Cumprirás teus juramentos... (Mt 5,33-37)
Nesta passagem do Sermão da
Montanha, Jesus se refere ao texto de Ex 20,7 sobre o caráter sagrado de um
juramento. Trata-se de uma palavra da Escritura levada tão a sério, e de forma
tão material, que a jurisprudência rabínica obrigava o autor de um juramento a
cumprir até mesmo uma promessa insensata.
Exemplo clássico de um voto (ou
juramento) absurdo foi aquele de Jefté (cf. Jz 11,30ss). Antes de entrar em
batalha contra os amonitas, ele prometera a Deus que, em caso de vitória,
ofereceria em holocausto ao Senhor o primeiro que saísse ao seu encontro, das
portas de sua casa. Ao regressar vitorioso, a primeira pessoa que saiu em sua
direção, dançando e celebrando o vencedor, foi sua filha única. E o pai
insensato cumpriu o juramento feito a Deus...
O novo ensinamento de Jesus – “Eu,
porém, vos digo...” – é que nossa palavra deve ser sempre verdadeira, sem
necessidade de ser calçada por um juramento que invoque o Nome sagrado de Deus.
“Sim, sim; não, não.” O que passar disso é demoníaco (cf. Mt 5,37).
Pobre Mestre! Ele mesmo seria a
primeira vítima de um leque de mentiras e calúnias, traição e falsas acusações.
Mesmo entre seus seguidores, quantas promessas vãs, quantos votos quebrados,
quantas mentiras “oficiais”! O medo, o comodismo, a aversão pela cruz levaram
muitos a mentir e a se desmentir...
Por outro lado, quantos exemplos
admiráveis dos mártires que levaram ao extremo sua fidelidade a Deus! Os irmãos
macabeus torturados diante da própria mãe, que os animava a permanecerem fiéis
(cf. 2Mac 7). Os jovens que não se deixaram aliciar pelas promessas dos
poderosos... As virgens que preferiram morrer – como Maria Goretti – a pecar...
Os bispos chineses que se recusaram a compactuar com o regime ateu... O teólogo
luterano Dietrich Bonhoeffer, que pregou abertamente contra o totalitarismo de
Hitler e acabou preso e enforcado.
Nestes tempos de mentira
institucionalizada, em que a mídia se vende ao poder dominante para continuar
beneficiada pela publicidade oficial, o cristão é interpelado a ser testemunha
(isto é, mártir) da verdade. Os genocídios perpetrados mundo a fora só foram
possíveis graças ao silêncio da maioria.
Também nós iremos avalizar a
mentira?
Orai sem cessar: “E a verdade vos libertará...” (Jo 8,32)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário