Tanto Deus amou... (Jo 3,16-18)
É na escuridão da noite que Jesus
acende um facho luminoso no coração de Nicodemos. Este já ultrapassou a fase
das perguntas e apenas escuta. Vai receber a suprema revelação do amor de Deus
pelos homens: um amor que chegou ao ponto extremo de “entregar” seu Unigênito
ao mundo...
Comenta Claude Rault: “Jesus nos faz
entrar em sua intimidade com Deus Pai e nos revela que Deus Pai tudo doou por
amor. Nosso Deus não é um Deus que toma. Ele é um Deus que doa. Que se doa
através de Jesus”.
Quem ainda não fez esta descoberta
continuará tentando “comprar” de Deus migalhas de um amor que ele mesmo faz
questão de distribuir grátis, por graça. Insistirá em lançar “iscas” para
atrair a condescendência divina. E permanecerá vivendo uma religião de escravo
e patrão, em vez de uma relação de filho e Pai.
Se o próprio Filho se despoja
voluntariamente para assumir nossa carne, é para quebrar em definitivo a última
barreira que mantivesse à distância o amor do Pai. Homem entre humanos, Jesus
se faz ponte, contato, carne de nossa carne.
Reflete Jean d’Ormesson: “O golpe de
gênio do cristianismo, o que o distingue de todas as outras religiões, é a
Encarnação. Deus se faz homem. O Filho do Homem é Deus e, de certa maneira, o
homem torna-se Deus... Deus não pode ser conhecido, mas Jesus pode ser amado. O
saber impossível mudou-se em amor”.
Quando as múltiplas expressões do
mal ou os desastres naturais agridem homens e mulheres, sempre surge alguém
para perguntar por que Deus permite tanto sofrimento. E não percebem que Deus se
fez frágil e sofre conosco, em nossa própria carne, desde a cruz do Calvário.
Após a Encarnação, nada de humano é estranho a Deus.
Marthe Robin fez essa descoberta:
“Depois de anos de angústias, de pecado, de profundos desânimos, depois de
tantas provações psíquicas e morais, eu ousei, eu escolhi como Senhor, como
modelo único e perfeito, o Cristo Jesus, Ele, o Verbo encarnado, o Cordeiro
Salvador do mundo. [...] Antes desse dia, eu não sabia o que era a comunhão
espiritual, mas nesse dia abençoado tive o conhecimento dessa imensa e infinita
doçura: o coração de Jesus palpitou em meu coração”.
Orai sem cessar: “Deus é amor.” (1Jo 4,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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