Eu te bendigo, Pai! (Mt 11,25-30)
Que se passa neste Evangelho, de
modo fulgurante, senão a emergência, o afloramento, a erupção à luz do meio-dia
da condição filial de Jesus? Quem faz esta pergunta é François C-Trévedy, em
seu livro “Sermons aus Oiseaux” (Ad
Solem, 2009). Na oração de Jesus de Nazaré, o vocativo é sempre “Pai”, “Abbá”:
a oração de um Filho...
Não é a prece dirigida a uma
potestade distante, a entidades ameaçadoras, a um panteão inatingível. Um Filho
fala ao Pai. Precisamos aprender a rezar com Jesus...
Qual o motivo da ação de graças de
Jesus? “Tu revelaste isto aos pequeninos...” ISTO é o mistério da filiação de
Jesus e de nossa afiliação nele, diz Trévedy. E prossegue: “Em uma espécie de à
parte, do qual são testemunhas os mais próximos, Jesus faz eucaristia, alto e
bom som, do desígnio do Pai, da revelação do Pai, da qual ele mesmo é o objeto,
o ator e o instrumento, pois se cabe ao Filho revelar o Pai (cf. Mt 11,27),
cabe igualmente ao Pai revelar a identidade filial de Jesus, muito além do que
poderiam sugerir sobre ele a carne e o sangue
(cf. Mt 16,17)”.
“Na extrema pequenez de sua
humanidade, Jesus confessa sua compreensão sobre o Pai, sobre o processo do Pai
que esconde daqueles convencidos de ver bem (cf. Jo 9,41), enquanto revela
àqueles que reconhecem a noite da qual nasceram. Deus, não dos sábios e
doutores, Deus de Jesus Cristo.”
Aos pequeninos, Deus se revela. Aos
soberbos, ele se oculta. E quem é o menor de todos os pequeninos e, por isso
mesmo, o primeiro a acolher essa revelação? É o próprio Jesus, diz Trévedy.
“Seguramente, o primeiríssimo beneficiário desse ‘apocalipse’ é o Todo-pequeno
por excelência”. Pequeno em tal escala, que ali fica sozinho, sem outra
companhia.
A religião de Jesus Cristo não é um
culto de vencedores. O templo de Jesus Cristo não é frequentado por
conquistadores. Os fiéis de Jesus Cristo não seguem um grande líder mundial. No
coração dessa religião única, como brasa sob as cinzas, pulsa um segredo...
“O segredo no qual são iniciados os pequeninos é nada menos,
em definitivo, que o próprio Segredo trinitário, o mútuo tutear entre Pai e
Filho na língua inefável do Espírito.” Isto ajuda a entender as escolhas de
Deus...
Orai sem cessar: “Senhor, abençoa teus filhos em teu
seio!” (Sl 147,13)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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