Eis uma das
páginas mais comoventes do Evangelho: a “oração sacerdotal” de Jesus.
Aproxima-se o momento de sua “glorificação”, quando Jesus será erguido bem
alto, na cruz, e atrairá a si todos os homens. E Jesus fala ao Pai sobre “os
seus”, isto é, aqueles discípulos que o próprio Pai lhe confiara e que
“guardaram a palavra” de Deus. Jesus pede por eles, não pelo mundo. Aqui, a
palavra “mundo” designa o espaço humano (social, político, econômico) que
permaneceu sempre fechado ao anúncio da Boa Nova, aquele “território” onde não
se obedece à Vontade do Pai.
No entanto,
diz Jesus ao Pai, eles (os discípulos) estão no mundo. E este é o grande
desafio que permanece atual para todo fiel: estar NO mundo sem ser DO mundo! E
chega a ser trágico que o Filho de Deus tenha sido entregue porque o Pai amava
o mundo (cf. Jo 3,16), e o mesmo mundo o tenha rejeitado sem chegar a
conhecê-lo (cf. Jo 1,10).
Ora, a
missão de testemunhar Jesus, da qual não se pode demitir, está situada bem no
meio do mundo, não no espaço dos anjos! É infantilidade esperar por aplausos de
um mundo fechado ao amor de Deus, dominado por ídolos ferozes e pronto a
destilar seu ódio mortal contra a Igreja. Aí mesmo, no mundo, onde estão os
lares e empresas, escolas e meios de comunicação – aí é nosso campo de
evangelização!
Por isso mesmo, a conversão dos
corações e a mudança das estruturas têm um preço: o sacrifício do discípulo, a
exemplo do Mestre. Custa trabalho e suor, sangue e perseguições, incompreensões
e calúnias. Quem achar que o preço é excessivo, logo passará para o outro
lado...
Enquanto
isso, do “lado de cá”, Madre Teresa de Calcutá cuida dos miseráveis,
Maximiliano Kolbe dá a vida em troca de outro prisioneiro, Gianna Beretta Molla
recusa o aborto que lhe permitiria ser operada do câncer, Albert Schweitzer
dedica sua medicina aos doentes do Congo Belga, Dom Bosco adota os órfãos da
pobreza, Pe. Pio distribui a misericórdia de Deus no confessionário. Com
esforço e dedicação, permitem que Deus amplie seu território nos corações
humanos, exatamente o espaço onde o Reino deve crescer...
E nós? Que
estamos fazendo para estender o Reino de Deus neste mundo? De que lado estamos?
De cá? Ou de lá?
Orai sem cessar: “Bendito seja o Senhor,que adestra
minhas mãos para o combate!” (Sl 144,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário