Dirigindo-se ao Pai, Jesus faz uma
afirmação chocante: nós somos amados pelo Pai com o mesmo amor que ele dedica
ao Filho, Jesus. O Justo e os pecadores, o Santo e os decaídos, todos amados
igualmente – isto é, infinitamente – pelo Pai!
Naturalmente, esta verdade tem
sérias consequências. Em primeiro lugar, ajuda a compreender que o Pai tenha
entregado à morte o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para nos salvar da
perdição eterna. A explicação está nesse desmedido Amor divino, do qual a raça
humana é objeto. E o Filho, que experimenta por nós um amor igual, aceita de
boa vontade cooperar com o plano de salvação proposto pelo Pai amoroso.
Em segundo lugar, vemo-nos forçados
a abandonar de vez aquela velha ideia de que o amor deva ser “merecido”. Os
bons são amáveis; os maus, não o são. Ora, como diz São Paulo, “com efeito,
quando ainda éramos fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios. É difícil
que alguém queira morrer por um justo; talvez aceitasse morrer por um homem de
bem. Mas nisto Deus prova o seu amor para conosco: Cristo morreu por nós quando
ainda éramos pecadores”. (Rm 5,6-8.)
Os honestos sentem dificuldade em
aceitar esta evidência: Deus, o Pai, ama igualmente a vitima e o agressor, pois
ambos são filhos! E sofre com ambos! Depois disto, não podemos insistir em
discriminar as pessoas e em decidir quem “merece” e quem não merece o nosso
amor. A quem devemos considerar como irmão e a quem podemos rotular de fera,
animal e bandido...
Quando o Papa João Paulo II foi à
penitenciária para levar o seu perdão àquele homem que lhe dera três tiros, o
turco Ali Agca, deu-nos a demonstração de que conhecia muito bem esta
realidade: seu agressor era amado por Deus, apesar do mal que havia cometido.
Também para ele continuava aberto um caminho de volta à casa do Pai, uma
possibilidade de arrependimento e conversão. Por isso mesmo, do alto da cruz,
Jesus suplicava ao Pai que perdoasse os seus agressores...
Isto é amor. O contrário é o ódio.
E, para quem segue a Jesus Cristo, nada justifica que o amor ceda lugar ao
ódio...
Meu coração ainda conserva sementes
de ódio e violência? Que tenho feito para exercitar o amor de Deus que foi
depositado em mim?
Orai sem
cessar: “Senhor
Jesus, ensina-me a perdoar!”
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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