Ah! O verbo amar... Há quem ame o
futebol, o jogo do poker, as novelas
da TV... Outros amam as viagens de turismo, as lutas marciais, um bom vinho, os
filmes premiados de Hollywood. Mas há quem ame os pobres, como Teresa de
Calcutá; ou ame os adolescentes, como Dom Bosco; ou ame os leprosos, como
Damião de Veuster. São diferentes amores...
Neste Evangelho, o Ressuscitado
dialoga com Simão Pedro. E falam justamente de amor. Ocorre que o texto grego
do evangelista João faz um notável jogo com dois diferentes verbos que
significam “amar”. De um lado, o verbo “philein”,
de onde criamos os termos filósofo (amigo do saber), cinéfilo (amigo do cinema),
filantropo (amigo da humanidade). Trata-se de um amor-amizade, limitado à
dimensão humana.
De outro lado, o verbo “agapán”, que nos deu a palavra ágape
(refeição fraterna e celebração eucarística). E é com este verbo que Jesus
pergunta a Pedro: “Tu me amas? Tu me amas com amor de adoração? Tu me amas com
o amor devido somente a Deus?”
Mas o velho pescador responde com o
outro verbo: “Tu sabes que te amo de amigo. Tenho por ti um amor de amizade”.
Isto se repetiu por duas vezes. Na terceira vez, Jesus mudou de verbo. Passa a
perguntar com o mesmo verbo usado por Pedro em suas respostas: “Tu me amas de
amigo?” O Mestre baixa o nível da exigência e se adapta à miséria do apóstolo.
Era como se Jesus dissesse: “Assim
está bom. Podes me amar apenas como amigo. Ao menos por enquanto... Não vou
exigir mais do que podes dar agora...”
É quando Pedro se põe a chorar. Este
encontro à margem do lago, nas brumas da madrugada, trazia à luz a fragilidade
de Kefas, a Rocha, que acabara de negar seu Mestre por três vezes, movido pelo
medo de morrer. Por enquanto, ele ama pouco...
Sim, por enquanto... Alguns anos
mais tarde, prisioneiro em Roma, o primeiro Papa daria testemunho de seu amor
ao ser crucificado como seu Mestre. Cravado no madeiro, Pedro já podia clamar
bem alto: “Sim, Jesus, eu te amo de amor!”
E nós? De quanto amor somos
capazes... por enquanto...
Orai sem
cessar: “Eu vos
amo, Senhor, minha força!” (Sl 18,1)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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