sábado, 30 de junho de 2018

PALAVRA DE VIDA


 Eu não sou digno... (Mt 8,5-17)
Resultado de imagem para (Mt 8,5-17)      Um centurião romano, chefe de cem soldados, está acostumado a dar ordens e a vê-las cumpridas sem retardos nem desculpas. Uma só palavra e basta! Por certo, o militar já está bem informado sobre Jesus, o estranho Rabi da Galileia que cura os enfermos, devolve a visão aos cegos e liberta os possessos. Mesmo sendo um estrangeiro na Palestina, ele reconhece a autoridade de Jesus sobre os males físicos e espirituais. Este reconhecimento (uma modalidade de fé?) é que o anima a rogar pelo servo doente.

Ao ver que Jesus faz menção de ir à sua casa, o soldado romano se espanta, atrapalhado: não precisa tanto, basta uma palavra! Afinal, um judeu que entrasse no ambiente “impuro” do estrangeiro, ficaria também ele ritualmente impuro. E o centurião tem um argumento invencível para que Jesus de Nazaré não visite seu lar, a casa de um estrangeiro, invasor e “pagão”: “Senhor, eu não sou digno!”
Como não pensar naquele publicano da parábola (cf. Lc 18,9ss), que sequer se aproximava do altar e – tão diferente do fariseu contador de vantagens - lá do fundo do Templo, olhos no chão, batia no peito e se rebaixava diante do Senhor: “Tem piedade de mim, que sou pecador”?
Não é sem motivo que nossas Eucaristias começam sempre por um ato penitencial. É, talvez, uma tentativa desesperada da Igreja para nos recordar nossa condição de pecadores. Espera-se que, batendo no peito, examinando a própria consciência, nós desistamos da impropriedade de cobrar alguma coisa de Deus, ou de apresentar-lhe nossos méritos (aliás, inexistentes...) ou mesmo reclamar asperamente do Senhor pela má qualidade dos serviços que Ele nos presta...
Como faz falta a todos nós este realista sentimento de indignidade! Aquele mesmo sentimento do pródigo que está voltando para casa com um discurso ensaiado: “Já não sou digno de ser chamado teu filho... Podes tratar-me como um dos empregados...” (Lc 15,19.) Para ouvir, surpreso, a resposta do Pai: “Não tem jeito, meu filho! Enquanto eu for Pai, tu serás meu filho!”
É assim que se descobre a verdade fundamental em nossa relação com Deus: não somos amados porque somos bons; somos amados porque somos filhos... Não é por mérito nosso. É pelo amor do Pai...
De que maneira eu costumo apresentar-me diante de Deus? Desfio o longo rosário de minhas boas ações e cobro retribuição? Ou confesso humildemente os meus pecados e recebo o seu perdão?

Orai sem cessar: “Junto ao Senhor se acha a misericórdia!” (Sl 130,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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