sexta-feira, 29 de junho de 2018

PALAVRA DE VIDA


Sê limpo! (Mt 8,1-4)
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           Neste Evangelho, com um simples toque de mão, Jesus cura um homem de sua lepra. Na Palestina do tempo de Jesus – bem como em muitos lugares, ainda no Séc. XXI – a hanseníase era uma doença que excluía o enfermo da convivência comunitária. Devia ele vestir um manto apropriado e manter-se fora da cidade, à margem dos caminhos. Se alguém se aproximava, o leproso fazia algum tipo de ruído com um pedaço de metal, ao mesmo tempo que gritava: “Impuro! Impuro!”

            A situação dos infelizes era ainda agravada pelo fato de se associar a enfermidade a algum pecado cometido. Em outra passagem do Evangelho, os discípulos de Jesus perguntam a respeito de um cego de nascença: “Senhor, quem foi que pecou para ele ter nascido cego? Ele ou seus pais?” Via-se toda doença como castigo contra o pecador. E de imediato o Mestre nega essa possível causa, antes de devolver-lhe a visão e, com isso, contribuir para a glória de Deus (cf. Jo 9,1-3).
            É curioso notar a relação entre cura e limpeza, salvação e purificação. A mesma palavra latina – salus – se traduz como “saúde” e “salvação”. Sob este ângulo, a doença seria uma “sujeira”, algo que emporcalha o homem, velando a imagem divina nele gravada. Claro, a imagem deformada do corpo físico de um homem serve muito bem de figura da outra degeneração – muito mais grave e profunda! – que o pecado produz na alma e no coração da pessoa. A ação do Deus que santifica sua criatura bem pode ser vista como uma assepsia, uma “limpeza” das manchas do pecado.
            Mas a situação é bem outra depois de Jesus Cristo. Em clima de Nova Aliança, ao contrário de excluir e afastar os enfermos do convívio e da comunhão, a enfermidade nos interpela a aproximar-nos da pessoa ferida e, à imagem do Bom Samaritano (o próprio Jesus Cristo), usar de todos meios para demonstrar nossa misericórdia e recuperar o irmão ferido.
Foi assim que muitos agentes de saúde cristãos (católicos ou não) deram sua vida ao tratar das vítimas do vírus Ebola, na África. As atuais Comunidades Novas são um belo exemplo de agrupamentos cristãos que se dedicam às “diaconias”, pondo-se a serviço dos mais necessitados.
            Deus não quer a doença. Ao contrário, quer a cura. Mas é preciso que o enfermo se aproxime de Jesus, como fez o leproso deste Evangelho. Superando o preconceito que devia mantê-lo como marginal, ele aposta no poder de Jesus: “Se queres, podes curar-me!” Corpos feridos, corações partidos, mentes confusas, almas nas trevas – nada está fora do alcance desse Amor sem fronteiras.
            Quando iremos nos aproximar?
Orai sem cessar: “Senhor, purifica-me do meu pecado!” (Sl 51,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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