Eu também trabalho... (Jo 5,17-30)

Foi esse amor ativo e criativo que
gerou o Cosmo, desde os mínimos ovos da borboleta e as flores do jasmim até as
galáxias e as supernovas. Foi o mesmo amor que se debruçou sobre a humanidade
pecadora, para salvá-la do caos e da morte eterna. Foi esse amor que fecundou a
Virgem, transformando-a na Mãe do Belo Amor. É esse amor que mantém sempre acesa
a esperança dos homens e das mulheres, mesmo quando ogivas atômicas orbitam no
planeta...
Neste Evangelho, logo após ter
curado um enfermo, e mais uma vez na mira de seus adversários, Jesus
“justifica” a cura feita em pleno sábado (quando o trabalho era interdito) como
a consequência inevitável do Amor que supera as normas e os estatutos. De uma
vez por todas, amor e trabalho se revelam como dois polos da mesma realidade:
trabalhar por amor e amar por meio do trabalho.
Depois disto, o cristão jamais cometerá
o desatino de traduzir o trabalho humano como castigo atribuído ao pecado
original. Antes, o saudoso Papa João Paulo II nos recorda: “A consciência de
que o trabalho humano é uma participação na obra de Deus, deve impregnar – como
ensina o recente Concílio – também as atividades de todos os dias. Assim, os
homens e as mulheres que, ao ganharem o sustento para si e para as suas
famílias, exercem as suas atividades de maneira a bem servir a sociedade, têm
razão para considerar o seu trabalho um prolongamento da obra do Criador, um
serviço dos seus irmãos e uma contribuição pessoal para a realização do plano
providencial de Deus na história.” (Laborem Exercens, 25)
E mais: “A mensagem cristã não
afasta os homens da tarefa de construir o mundo, nem os leva a desinteressar-se
do bem dos seus semelhantes, mas, pelo contrário, obriga-os a aplicar-se a tudo
isto por um dever ainda mais exigente.” Extensão da missão de Cristo, a Igreja
trabalha incessantemente para edificar um Reino de amor. E a marca registrada
desse amor é o trabalho. E se há muitos caminhos de salvação, nenhum deles
supera o trabalho...
Orai sem
cessar: “Por amor de Jerusalém, não descansarei!” (Is 62, 1)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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