Nem ouro nem prata... (Mt
10,7-13)
Ao celebrar a memória do Apóstolo
São Barnabé, companheiro de São Paulo (cf. At 13), a Igreja nos convida a
refletir sobre o envio dos Doze em sua primeira missão. Deviam anunciar que o
Reino de Deus estava próximo, isto é, bem ao alcance de cada um. Depois de
mostrar aos apóstolos um programa de ação (curar os doentes / ressuscitar os
mortos / limpar os leprosos / expulsar demônios...), Jesus dá um mandamento bem
prático e bem preciso: “Não possuam ouro nem prata nem dinheiro nos
cinturões...”
Por certo, Jesus sabia do risco de
corrupção a que estão expostos aqueles que exercem o poder em nome de Deus.
Saberia da tentação de ganhar dinheiro às custas do Evangelho. Talvez – quem
sabe? – adivinhasse, já naqueles tempos, que iria surgir a “Teologia da
Retribuição”! Conforme ensina Kenneth Hagin, Deus recompensa nossa fé dando
dinheiro, conforto e fartura. Jesus, o pregador pobre, deve ter pressentido que
certas “igrejas” seriam geridas como franquias alugadas, onde o pastor deve ter
“produtividade”, isto é, em linguagem clara, ter lucro suficiente para pagar ao
bispo que é dono da franquia. Se os fiéis forem esfolados em nome do amor a
Deus, paciência! O rebanho dá a vida por seu pastor...
Mas não é isto que Jesus ensina. Ele
diz que o evangelizador é um homem pobre. Pobre por não levar dinheiro – nossas
“garantias e seguranças” – e pobre por tudo esperar do Senhor. Aquilo que
recebe de graça (o amor de Deus, a fé, a esperança, os dons do Espírito Santo)
deve ser distribuído grátis, pois o dono de tudo é o Pai celeste.
O risco é permanente. Fabricar
relíquias para vender. Inventar aparições para atrair a turba a santuários
rentáveis. Vender a salvação em prestações semanais. Ameaçar com o inferno os
que têm pouco para dar... Além do risco de haver duas Igrejas: a dos ricos e a
dos pobres. Nesta, os escravos cantam para Nossa Senhora do Rosário...
É bonito contemplar os pés descalços
(e estigmatizados) de Francisco de Assis! Como é consolador ver que um bispo se
aposenta e sua família precisa se cotizar para lhe dar um apartamento, pois
viveu pobre e morrerá pobre. E que escândalo o evangelizador subir à favela em
um carro importado zero km!
O amor de Deus me faz pobre? Dependo
de Deus ou do dinheiro?
Orai
sem cessar: “Se vos possuo, nada mais me atrai na terra!” (Sl
73,25b)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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