Aquele
que olhar para uma mulher... (Mt
5,27-32)
Não existe homem sem pecados...
Alguns pecadores tornam-se visíveis quando seus atos exteriores vêm a público,
como o assassino que saca da arma e fere a vítima com três tiros. Outros
pecadores permanecem na sombra, como a mulher da vítima que, no silêncio de seu
coração, alimenta planos de vingança e se recusa a apagar a chama do ódio.
Aquele homicida é considerado um homem “desonesto”, mas esta mulher também o é,
enquanto sua cólera surda (e muda) permanece igualmente assassina.
Assim, quando Jesus opõe a Lei
mosaica - “Vós ouvistes o que foi dito aos antigos...” - à nova Lei do Sermão
da Montanha, ele torna o ideal cristão ainda mais exigente. O mesmo acontece
com os versículos seguintes (27-32), quando a noção de adultério já não está
limitada a gestos concretos e palpáveis, mas inclui também as intenções mais
íntimas do homem: “Aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la,
já cometeu adultério com ela em seu coração”. E é do coração do homem que
brotam os adultérios...
Para evitar o pecado, Jesus
recomenda o sacrifício, diz Hébert Roux. “Jesus não propõe uma ascese para
chegar à pureza de coração, mas declara que tudo é preferível, mesmo a perda de
um membro, antes que a perdição eterna.” Este “exagero” jamais será
compreendido por alguém que ainda anão fez da entrada no Reino de Deus a
prioridade de sua vida.
Segundo H. Roux, será necessário
confrontar este texto do Sermão da Montanha com as exigentes palavras de Jesus
sobre a renúncia (cf. Mt 10,37; 16,25) e aquelas igualmente duras dirigidas ao
jovem rico (cf. Mt 19,21). Sem a disposição de acolher a “renúncia”, ninguém
deixará pai e mãe para seguir a Cristo; ninguém abraçará a cruz como condição
indispensável para ser seu discípulo. E foi a recusa da renúncia a seus bens
materiais que impediu o jovem rico de seguir o Mestre.
Nos últimos tempos – tão diferente
do tempo dos mártires primitivos! – nota-se a tendência a “amaciar” o
Evangelho, a procura de um “jeitinho” mais palatável de ser cristão. É quando
se ouvem expressões como estas: também, não precisa exagerar... Isto é muito
radical! Deus quer a misericórdia, não o sacrifício – citação bíblica que
alguém empregou para justificar um aborto!
E pensar que, em plena Primeira
Aliança, muito antes de Jesus Cristo, a mãe israelita preferiu assistir à
tortura e morte de sete filhos, antes que infringissem um preceito menor – a
proibição de comer carne de porco (cf. 2Mac 7)!
Voltando ao tema deste Evangelho,
muita gente acha normal assistir a filmes de erotismo, cenas de sexo explícito,
novelas sensuais, programas de pornografia, sem perceber que estão alimentando
seu próprio psiquismo para iniciar uma vida de corrupção e pecado.
Orai sem cessar: “Cria em mim, Senhor, um coração que seja puro!” (Sl 51,12)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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