– Sim,
sim, não, não...
(Mt 5,33-37)
Vivemos em tempo de mentira. Os réus
comparecem diante de CPIs e comissões de investigação previamente protegidos
com autorizações judiciais para não dar respostas às perguntas que viessem a
incriminá-los. Policiais falsificam provas para incriminar inocentes. Juízes
venais decidem os processos em favor daqueles que os compraram com dinheiro e
vantagens materiais. Fabricantes envolvem seus produtos com rótulos mentirosos,
pondo em risco a saúde dos consumidores.
Mesmo no âmbito familiar, as coisas
não são melhores. O juramento de fidelidade – na saúde e na doença... –
proferido na celebração do matrimônio pode não durar uma estação. Logo surgem
motivos considerados suficientes para romper o compromisso. As juras de amor
revelam-se apenas propaganda enganosa. Rasga-se o compromisso, rasgam-se os
corações dos filhos...
Ora, é o demônio o “pai da mentira”,
afirma a Escritura (Jo 8,44). Mentiroso desde o início, ele mascara a verdade,
semeia a desconfiança em relação a Deus, infiltra a discórdia no coração dos
homens, sugere a trapaça como ferramenta de lucro e de sucesso. Quem adere à
mentira se faz seu escravo.
O primeiro sinal de corrupção moral
se manifesta pela mentira. Ainda que naquele tempo os juramentos fossem vistos
como algo sagrado e o falso testemunho punido com a mesma pena que caberia ao
réu inocente (cf. Dt 19,15ss), o Antigo Testamento registra casos escandalosos,
como as acusações falsas contra Susana (cf. Dn 13). Até o Rei Davi tenta
esconder seu pecado com mentiras.
No Novo Testamento, a fraude e a
mentira de Ananias e Safira acabam punidas com a morte (At 5). O ensinamento
moral dos apóstolos insiste no dever de buscar a verdade como distintivo do
cristão. Nas palavras de Paulo, “tendo vós rompido com a mentira, que cada um
diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros”. (Ef 4,25)
Mas a maior de todas as mentiras,
ensina São João, consiste em negar a divindade de Jesus Cristo: “Quem é
mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o Anticristo, que
nega o Pai e o Filho.” (1Jo 2,22)
Arrastados diante dos diante dos tribunais,
ameaçados e torturados, os apóstolos e seus sucessores preferiram perder a vida
a negar a verdade sobre Cristo. Ao longo dos séculos, uma admirável legião de
mártires permanece firme diante da opressão do Estado pagão e atesta – com seu
sangue – que Jesus Cristo é o Senhor.
Nossa vida dá testemunho da verdade?
Orai sem cessar: “Senhor, tua lei é a verdade!” (Sl 119,142)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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