Dá
a quem te pede...
(Mt 5,38-42)
Este Evangelho não passa pela goela.
Fica entalado. Nosso conceito de justiça está atrelado ao sentimento de
vingança. Por isso tantos defendem a pena de morte: matou, tem de morrer! Como
se estivesse em vigor a Lei de Talião: olho por olho... Como se Cristo, ainda
na cruz do Calvário, não tivesse pedido ao Pai que perdoasse a seus assassinos!
E assim aferrados à rejeição do
conselho de Cristo – oferecer a outra face / dar também a preciosa capa -, nem
chegamos a escutar a frase mais importante: “Dá a quem te pede!” E foi o mesmo
Jesus quem nos ensinou a pedir ao nosso Pai do Céu: “Pedi e recebereis!” Ora,
como pedir ao Pai se nós não atendemos aos irmãos que nos pedem?
Aliás, quando ensinou sobre o Juízo
Final, aquele grande Dia em que estaremos perante o Juiz Universal, Jesus se
identificou diretamente com o faminto que bate à nossa porta, com o enfermo que
aguarda nossa visita. Sei não, mas é bom não ir despreparado para o nosso julgamento...
Hoje, quero dedicar-te um meu
soneto: “Preparação para o Juízo”.
Se eu posso ser os olhos para um
cego,
Se um pão estendo à fome do
andarilho,
Se cuido da viúva como um filho,
Se a quem me pede, estendo a mão,
não nego...
Se,
pressuroso, um copo d’água entrego
Ao
sedento que passa pelo trilho,
Se
o pródigo festejo com um novilho
E
vivo exatamente como prego...
Então, serei um bem-aventurado,
Vendo Cristo no irmão que passa
ao lado,
Sob a cruz tão pesada do
abandono...
E
que alegria quando se descobre
Que
o Rei-Juiz é exatamente o pobre
Sentado
glorioso no seu Trono!
Seria terrível perder o céu por
uma capa que não quisemos ceder... Por mil passos que tentamos economizar...
Péssima economia!
Orai sem cessar: “Senhor Jesus, ensina-me a amar!”
Texto
e poema de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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