segunda-feira, 25 de junho de 2018

PALAVRA DE VIDA


E não sereis julgados... (Mt 7,1-5)
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        O operário se distrai um instante, e a prensa amassa sua mão. O motorista se distrai um segundo, e eis o acidente mortal. Mas a mais grave das distrações que podemos cometer é perder de vista que um julgamento nos espera. Aliás, isto está registrado entre os mistérios de fé que proclamamos ao rezar o Símbolo dos Apóstolos, quando afirmamos crer que “Jesus há de vir para julgar os vivos e os mortos”.

            Na Carta aos Hebreus, o autor sagrado nos recorda: “Está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo”. (Hb 9,27) Juízo e julgamento são sinônimos: significa estar diante de um Juiz que tem poderes para nos libertar ou condenar após examinar nossas ações. Mesmo deixando de lado a antiga Sequência da Missa de Defuntos, que falava em um “dia de ira”, a certeza do juízo deve orientar nossos passos.
            O absurdo cresce quando, esquecidos de que seremos réus ao fim de nossa vida, dedicamos nosso tempo a julgar os outros. Na linguagem do Mestre de Nazaré, “apontamos para a palhazinha no olho do próximo, mas nos esquecemos da trave em nosso próprio olho”. Jesus gostava de usar contrastes, acentuando-lhes os traços. Neste caso, ele contrasta um pequeno cisco e uma enorme peça de madeira. E quanto maior a nossa “trave”, tanto menos teremos noção de nossos próprios erros e pecados, ao mesmo tempo que amplificamos as falhas dos outros.
            Aquele que julga o próximo e se reveste da toga de juiz, acredita ser instrumento da justiça. Ocorre que, ao julgar, ele usurpa um privilégio do próprio Cristo, pois cabe ao Senhor julgar os vivos e os mortos (cf. Mt 25,31-33). Nesta passagem, o “julgamento” é uma separação. Por isso mesmo, a espada que separa tem sido usada como símbolo da justiça. Ovelhas de um lado, cabritos do outro; uns irão para o Reino do Pai, outros para o fogo eterno.
            Nesta passagem de Mt 7, Jesus nos alerta: “Não julgueis!” E explica: seremos julgados com a mesma medida com que julgamos os demais: rigor com rigor, misericórdia com misericórdia. O grande erro de fundo consiste em ignorar que nós mesmos – desde que o Filho de Deus se encarnou, sofreu e morreu por nós – fomos objetos de uma misericórdia infinita: “quando éramos pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,8).
            Se eu acuso a palha de meu irmão enquanto tenho uma trave no meu olho, sou hipócrita. Mas se acaso estou vendo claro, sem sombras e distorções, é porque a trave já me foi tirada pela Graça de Deus e, neste caso, devo usar da mesma misericórdia que recebi quando notar a palhazinha de meu irmão.
            O contínuo desfile de criminosos no noticiário da TV não nos deve levar ao esquecimento de nossos próprios erros. Como dizia um santo: “Eu também seria capaz disso...”
Orai sem cessar: “Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe!” (Sl 67,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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