quarta-feira, 27 de junho de 2018

PALAVRA DE VIDA


Uvas de espinheiros? (Mt 7,15-20)
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            A Sagrada Escritura tem belas páginas sobre as promessas de Deus, como a imagem dos ossos secos no deserto, que são reavivados pelo Sopro divino. Há belas passagens sobre os prodígios do Senhor, como o mar aberto para a libertação do povo. Mas também há páginas sombrias, onde a decepção de Deus corre como um rio...

            É o caso de Isaías 5, no “Cântico da Vinha”, onde o “amigo” do profeta – o próprio Senhor – se lamenta por um investimento desperdiçado: “Possuía meu amigo uma vinha, numa encosta de terra fértil. Ali plantou uvas selecionadas. Esperava que produzisse uvas boas, mas só produziu uva brava. ‘Que mais eu deveria ter feito por meu vinhedo?’”
            Nesta passagem estamos diante de uma “degeneração”. O bom se torna mau. A planta se des-naturou. Perdeu sua carga genética promissora de bom vinho. Trata-se de uma possibilidade para todo ser humano desde Gênesis 3. A própria encarnação do Verbo teve como objetivo a re-generação do gênero humano de-generado. Ninguém se espante, pois, se algo que parecia bom por natureza – um ministério eclesial, a pregação da Palavra, uma vida consagrada – acabe por se desvirtuar, mudando-se em fonte de poder, de dominação, de rebeldia, de lucro, de acumulação de bens materiais.
            No Evangelho de hoje, Jesus nos dá um critério definitivo para identificar aqueles que parecem profetas: são os frutos que eles produzem. Árvore boa produz frutos bons. Árvore má produz frutos maus. A leitura das vidas dos santos – que já chegaram a ser objeto de zombaria mesmo em ambiente eclesial – mostra de modo excelente como esses homens e mulheres se deixaram invadir pelo Espírito Santo – essa seiva excelente! – de modo a darem frutos de salvação.
            Em torno dos santos as multidões se aglomeram como abelhas que percebem o néctar das flores. Admiram seu amor pela pobreza, seu desapego dos bens materiais, seu espírito de sacrifício, sua disponibilidade em atender às pessoas, sua amabilidade a toda prova. São Paulo fala dos bons frutos na Carta aos Gálatas:
            “O fruto do Espírito, porém, é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. Os que pertencem a Jesus Cristo crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, procedamos também de acordo com o Espírito. Não busquemos vanglória, provocando-nos ou invejando-nos uns aos outros.” (Gl 5,22-26)
            Este Evangelho pode ser vir também para uma avaliação de nossa prática em meio familiar, paroquial, no seio dos Movimentos e das Comunidades Novas. Quais são os frutos que ali se percebem?
Orai sem cessar: “Graças a mim é que produzes fruto...” (Os 14,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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