sexta-feira, 6 de julho de 2018

PALAVRA DE VIDA


 À mesa com Jesus... (Mt 9,9-13)

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            Ainda não encontrei alguém que me explicasse por que motivo passamos a traduzir a presença na comunhão eucarística como um sinal de “dignidade”. Seria preciso “merecer” para comungar o Corpo do Senhor.

            Ora, será que ninguém presta atenção ao que rezamos? “Senhor, eu não sou digno...” São as palavras do centurião romano (cf. Mt 8,8), notável ato de fé, naquele dia fora do alcance dos conterrâneos do próprio Jesus!
            Quando participamos da mesa da Eucaristia, fazemos parte da mesa de Jesus. E isto é uma honra para todos nós. Quando os publicanos e pecadores se sentaram à mesa com Jesus – Evangelho de hoje -, sua presença foi considerada uma desonra para o Mestre de Nazaré. É que sentar-se à mesa com alguém significa situar-se no mesmo nível do anfitrião. Entrar em comunhão com ele. Dize-me com quem comes, e te direi quem és...
            Ora, os publicanos eram judeus que, sob a ocupação romana na Palestina, prestavam-se ao servicinho sujo de cobrar os impostos que seriam repassados aos dominadores. Não é preciso grande esforço de imaginação para adivinhar os apelativos com os quais eram tratados por seus compatriotas. Além do mais, o fato de estarem em permanente contato com os “cães” romanos, os publicanos eram considerados ritualmente “impuros”, isto é: anátemas, intocáveis...
            Pior ainda: Jesus chegou ao extremo de convidar um deles – Levi/Mateus – para integrar o seleto grupo dos Doze. Mal ouviu aquele imperativo convite – Segue-me! -, o publicano abandonou seu telônio e seguiu o Mestre. E achando que a ocasião merecia bem uma comemoração, organizou um banquete em sua casa, com a presença de seus colegas de profissão.
            Os judeus mais “religiosos” – os fariseus que se julgavam superiores, traziam fragmentos da Lei em suas filactérias e rezavam de pé nos portais do Templo (onde seriam vistos por todos os passantes), aproveitaram a ocasião para condenar em alta voz o comportamento nada canônico do Galileu.
            Não somos muito diferentes... Ainda hoje os cidadãos mais honestos sentem grande dificuldade em entrar em se aproximar dos decaídos do sistema, como os presidiários, os mendigos, os drogados e os que exercem outras atividades menos nobres... Corremos o risco de nos julgarmos superiores a eles, ignorando que qualquer coisa boa em nossa vida é, no fundo, pura graça de um Deus bondoso.
Orai sem cessar: “Senhor, preparas uma mesa para mim...” (Sl 23,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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