terça-feira, 28 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Salva-nos, Senhor, que perecemos! (Mt 8, 23-27)
        Era uma barca pequena. No latim de S. Jerônimo, “naviculam” – um diminutivo. O “mar” era pequeno: na verdade, o Lago de Genesaré, mas em região de poucas águas, é chamado de mar. Mar da Galileia ou de Tiberíades. A fé era pequena. Basta um vento atrevido para que o desastre pareça iminente.
        No fundo da barca, dormia o Mestre em plena tempestade (dormia mesmo?... ou fingia, para testar aqueles marmanjos?). E eles acordam Jesus com gritos desesperados: “Salva-nos, Senhor, que estamos perdidos!” Mas Jesus é grande. Maior que o vento. Maior que o mar. Maior que o medo. O narrador registra que Jesus “se ergueu”. Ficou de pé na barca, em plena borrasca, e com um gesto imperativo calou a ventania e fez dormir as águas.
        Nós somos como os discípulos: pequenos, medrosos, inseguros. Nossa esperança se evapora nas crises. A coragem vira pó ao primeiro obstáculo. A fé se congela à primeira tentação. Até parece que Jesus não está no mesmo barco!
        O barco é a família. Navega contra o vento do consumismo, da busca de prazeres, da rebeldia dos filhos. Navega contra as toxinas da TV, a propaganda do ateísmo, o ácido da contracepção. E tudo indica que vamos soçobrar...
        O barco é a Igreja. Navega contra as correntezas do ateísmo, do racionalismo, do relativismo. Navega contra as pressões do paganismo que renasce, das calúnias dos meios de comunicação, da desobediência dos próprios ministros. E tudo sugere que não chegaremos ao porto...
        O barco é o planeta. Navega contra a destruição ambiental, a expansão das epidemias, o esgotamento dos recursos naturais. Navega contra as mazelas do sistema econômico, contra o terrorismo fundamentalista, contra a corrida armamentista. E tudo aponta para o caos...
        Mas alguém dorme no fundo do barco. Dorme? Ou finge que dorme, esperando que se eleve um grito universal, em todas as línguas, de todas as nações: “Salva-nos, Senhor, que perecemos” ?
        Chegamos a pensar que o progresso científico livraria a humanidade de seus males. Depois de Hiroshima, a ilusão se dissipou em forma de cogumelo. Chegamos a pensar que acordos políticos suavizariam os ódios internacionais. O fracasso da ONU jogou por terra este remédio. A quem recorrer?
        Recorramos, confiantes, Àquele que parece dormir, mas apenas espera pelo grito da Humanidade.

Orai sem cessar: “Não dormirá aquele que te guarda!” (Sl 121 [120], 3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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