Toda autoridade... (Mt 28, 16-20)
É o tipo de coisa que incomoda: alguém apelar para sua autoridade. Em geral, desperta nas pessoas uma reação de rebeldia. No caso deste Evangelho, é importante considerar dois pontos.
Primeiro, nós somos mesmo rebeldes. Rebeldes por natureza, desde a queda original. Está no DNA dos descendentes de Adão, aquele tipo que sonhava “ser como Deus” (cf. Gn 3,5) e ousou quebrar a única proibição que o Criador lhe deixara. Por isso mesmo, a noção de autoridade nos dá alergia e pipocas na pele. Dificilmente entenderemos aquela jovem de Nazaré que preferiu ser a “escrava do Senhor”...
Segundo, “autoridade” deriva de Autor. E todos sabem que não somos “autores” de nós mesmos: somos apenas criaturas. Nosso Autor e Criador é Deus. Foi Ele quem nos chamou do nada para a existência. Por isso mesmo, Ele tem direitos sobre nós.
Assim, quando Jesus – ressuscitado e vencedor da morte! – afirma que sua própria autoridade é um “dom” do Pai, também ele se coloca na posição filial: a posição de quem tudo recebe do Pai, sem condições. E só depois de manifestar que recebeu do Pai este “poder universal” é que Jesus também pode nos dar uma ordem igualmente universal: “Ensinai a TODAS as nações... Ensinai-as a observar TUDO o que vos prescrevi...” (Mt 28, 19-20.)
Como observa Urs von Balthasar, “a missão tem por objetivo ensinar a TODOS os homens a seguirem TUDO o que Jesus disse e fez”. Logo, qualquer tipo de escolha ou preferência na doutrina e na vida fica prontamente proibida. Não temos de escolher nada, temos de obedecer. O Evangelho não é um “self service” onde podemos sorrir para certos pratos e fazer caretas para outros.
No Domingo da Ascensão, a “subida” de Jesus que volta ao Pai confirma sua “autoridade” sobre os céus e a terra. Nós – ainda atolados no barro deste mundo, devemos ter o bom senso de reconhecer nossa estatura de criaturas, sem a pretensão de corrigir o Criador.
A mesma pretensão descabida se manifesta quando pretendemos corrigir a Igreja de Jesus Cristo, que recebeu dele a autoridade de Mãe e Mestra. Pretensos “iluminados” entendem que seus carismas estão acima da hierarquia. Mais uma vez, o orgulho leva ao desastre...
Orai sem cessar: “Vossa palavra é uma luz em meu caminho.” (Sl 119, 105)Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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