terça-feira, 5 de julho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Como ovelhas sem pastor... (Mt 9, 32-38)

O evangelista registrou nesta passagem um momento especial da vida de Jesus: ao contemplar a imensa multidão que buscava por ele, Jesus se comove. Seu coração se condói, vendo que estavam abandonados por aqueles que tinham a missão de guiar o povo. Era um rebanho sem rumo...

Que diria o mesmo Jesus se visitasse hoje nossas cidades? Se entrasse em nossas escolas? Se batesse à porta de nosso lar? Veria, por acaso, o povo atendido em suas necessidades? Acharia os alunos bem orientados pelos mestres? Encontraria nossos filhos encaminhados na fé e na vida do Espírito? Pode ser, infelizmente, que sua dor fosse exatamente a mesma...

Ser pastor é uma exigente missão. Com toda certeza, não saberemos cumpri-la sem o auxílio da graça de Deus. Sem a luz interior do Espírito Santo. Só ele pode dar sabedoria à mãe que aconselha o filho. Só ele pode dar discernimento ao dirigente que determina a política de seu governo. Só ele pode dar fortaleza ao educador que navega contra a correnteza do mundo pagão.

Há quase 50 anos, contemplamos a omissão dos “pastores” aos quais o Senhor confiou seu rebanho. Pais que literalmente abriram mão de educar seus filhos na disciplina e na retidão, abandonando-os aos caprichos da sociedade. Mães que já não corrigem as atitudes fúteis e mundanas de suas filhas, permitindo que se corrompam desde a adolescência. Professores que não se comprometem pessoalmente com as necessidades de seus alunos, fazendo da profissão um mero ganha-pão. Ministros de Deus que dizem não ter tempo nem disposição para visitar os doentes ou confessar os paroquianos. Maus pastores...

E Jesus nos deu o exemplo a ser imitado: sempre a caminho, cercado pela multidão, sem tempo para repousar, sem ter onde apoiar a cabeça, consumindo-se de amor. E a todos tinha uma palavra de ânimo, um olhar de misericórdia, um sopro de esperança de uma vida melhor. Enfermos e pecadores, mulheres e crianças, marginais e estrangeiros, ninguém ficava sem seus cuidados. E afinal, no mais extremo gesto, cumulou seu pastoreio ao dar a própria vida pelos amigos...

Por que será que nós ainda hesitamos em seguir o seu exemplo? Por que ainda nos iludimos com o sonho de viver a vida para nós mesmos, em busca de projetos pessoais, pequenas diversões, aéreas futilidades, enquanto ao nosso lado os filhos de Deus vagueiam sem rumo? Nosso coração não se comove com tanta dor?

Orai sem cessar: “Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21, 17c)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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