domingo, 17 de julho de 2011

PALAVRA DE VIDA


Deixai crescer! (Mt 13, 24-43)

Maria Goretti era uma adolescente italiana muito bela e muito pura. Alessandro Serenelli, um rapaz que não havia sido educado na religião e no temor de Deus, tentou forçá-la a relações íntimas. Ela resistiu e levou inúmeras punhaladas. Foi transportada ao hospital e, antes de morrer, perdoou a seu agressor.
Muitos anos depois, já libertado após cumprir parte de sua pena, Alessandro Serenelli compareceu pessoalmente à canonização de Santa Maria Goretti, a mártir da pureza. E o antigo algoz, comovido, veio a confessar publicamente: “Foi o perdão de Maria Goretti que me salvou!”
Se a justiça tivesse aplicado a pena de morte – justiça já! -, Serenelli não teria tido a oportunidade de se arrepender e mudar de vida. Este é apenas um entre tantos exemplos históricos de que, com o tempo, o joio pode virar trigo...
Os “honestos” – aqueles que se julgam sem pecado - têm séria dificuldade em entender os critérios de Jesus: não arrancar de imediato o joio que cresce no meio do trigo, isto é, o mal que se infiltra na sociedade, na Igreja, na família. Até se revoltam quando Jesus ordena: “Deixai crescer!”
Como?! Deixar o mal crescer?! Por que não arrancá-lo já, pela raiz? E o próprio Jesus explica: Não é função de vocês. Isso caberá aos anjos de Deus (os segadores, cf. v. 39), no grande Dia do Juízo. Até lá, mesmo que isto nos incomode como pedras no sapato, o bem e o mal andarão lado a lado.
E existe o outro lado da moeda: com o passar do tempo, aquele que aos nossos olhos parecia trigo muito bom pode deteriorar-se; enquanto o joio, isto é, aquele que parecia absolutamente mau, pode ser transformado em trigo, moído e amassado em saboroso pão de amor...
Não estamos prontos. Caminhamos no tempo. Dia e noite, a graça de Deus trabalha em nós, incansavelmente. Chegando ao céu, podemos ter surpresas: presenças inesperadas e ausências inexplicáveis... aos nossos olhos. Somente Deus conhece o coração humano e tem condições de julgar em matéria tão grave.
Esta parábola vem oferecer-nos muitas lições. Entre elas, a compreensão de que o erro e o pecado não nos devem escandalizar. A procura de uma Igreja perfeita, de uma comunidade perfeita, de uma família perfeita, sem pecadores, é pura ilusão. Se elas existissem, não nos aceitariam como membros... Por motivos óbvios!
Enquanto isso, que a graça de Deus nos faça trigo em sua messe...

Orai sem cessar: “Pai, livrai-nos do mal!” (Mt 6, 13)


Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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