PALAVRA DE VIDA
Uma rede lançada ao mar... – (Mt 13, 47-53)
Quem foi pescador sabe muito bem aquilo que se experimenta na pescaria: ansiedade, esperanças, alegrias e decepções. Nesta parábola, o Mestre de Nazaré fala de uma rede lançada ao mar: puxada de volta, traz consigo todo tipo de coisas. Em alguns manuscritos, o copista acrescentou o genitivo “piscium” (= de peixes), para nos dar como tradução “todo tipo de peixes”.
Mas já pescamos tanta porcaria! Sapatos velhos, latas enferrujadas, linhas e anzóis de pescarias anteriores, galhos de árvore e até um cágado enxerido que foi beliscar onde não devia! Nunca se sabe o que vai sair das águas...
Quando as redes são recolhidas, os pescadores se entregam à faina de separar aquilo que presta (como os peixes bons) daquilo que não tem valor. Um processo de exame e separação. E Jesus emprega esta imagem para fazer referência à “malha fina” do Juízo Final, no fim dos tempos.
Quando rezamos o “Símbolo dos Apóstolos” (o Credo), nós professamos nossa fé em Jesus Cristo, que há de vir a julgar os vivos e os mortos. Cremos no Juízo Final. É dele que nos fala o “Catecismo da Igreja Católica” (nº 1038ss), como aquela “hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento” (Jo 5, 28-29)”.
“Então Cristo ‘virá em sua glória, e todos os anjos com Ele. E serão reunidas em sua presença todas as nações, e Ele há de separar as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. E irão estes para o castigo eterno, e os justos irão para a Vida Eterna’. (Mt 25, 31-33.46.)”
De novo, uma imagem de “separação”. E, ao mesmo tempo, a revelação do bem que fizemos ou deixamos de fazer durante nossa passagem terrestre. Refletir sobre esta realidade que nos aguarda, leva a compreender nossa responsabilidade sobre o precioso tempo que nos foi dado. Uma única oportunidade de descobrir o amor e nele crescer.
Seria cômodo ter uma segunda (ou terceira) oportunidade... Por isso mesmo, a hipótese da reencarnação agrada a muita gente, enquanto estrada larga... Uma espécie de segunda época... ou de recuperação no fim do ano escolar. Mas Jesus nos ensinou de forma diferente: logo após nossa morte (quando as redes forem recolhidas), seremos separados...
Que tipo de peixe somos nós?
Orai sem cessar: “Senhor, dá-nos um lugar entre as ovelhas!”
(Da Sequência da antiga Missa de Finados)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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