Semelhante a crianças... (Mt 11, 16-19)

No Evangelho de hoje, são as crianças – que Jesus apontara como ideal a ser imitado (cf. Mc 10, 15; Lc 10, 21) – a imagem dos discípulos imaturos que vivem entre queixas e reclamações, tal como os judeus do tempo de Jesus, que recusavam ao mesmo tempo o Batista, por sua vida sóbria e ascética, e a Jesus de Nazaré, por gostar de uma boa mesa e de um bom vinho.
Ainda hoje, nas paróquias e comunidades, há muitas “crianças” eternamente insatisfeitas. Criticam o padre que celebra a missa muito depressa, mas reclamam do outro que faz a missa comprida. Fazem críticas se o padre não prega, manifestam seu desagrado se a homilia se estende. Se o coordenador é exigente, brotam queixas; se ele é democrático, cobram mais rigidez. Crianças insatisfeitas...
Os santos não são assim. Os santos são muito realistas. Partem da realidade que lhes é dada e se dedicam de alma e coração a cumprir a missão inadiável. Eles não pensam na Igreja ou em sua comunidade como um lugar onde se recebem favores e regalias. Sabem que sua tarefa consiste em imitar a Jesus, que lavou os pés de seus apóstolos. Mesmo que sejam elevados a posições de mando, eles entendem sua autoridade como um serviço aos irmãos.
As crianças querem afagos, elogios, atenções especiais. Se isso falta, emburram, amarram a tromba e iniciam sua ação deletéria, feita de críticas, acusações, formação de partidos. Se um desses imaturos acaba em posição de governança, será a vez de reclamar da má qualidade de seus governados, além de abusar do poder e da autoridade.
Os imaturos são eternos insatisfeitos. Jamais serão felizes. E semearão à sua volta uma enxurrada de amargura. Pior ainda: verão passar em vão a graça de Deus e acabarão perdendo o bonde da história. Foi assim no tempo de Jesus. Continua assim em nossos tempos.
Quando atingiremos a estatura do homem perfeito? (Cf. Ef 4, 13.) Quando deixaremos de lado nossas mamadeiras? (Cf. Hb 5, 12.) Quando assumiremos a missão que Deus colocou em nossas mãos?
Orai sem cessar: “Eis que vim para fazer a tua vontade!” (Hb 10, 9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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