sábado, 31 de dezembro de 2011

PALAVRA DE VIDA

E habitou entre nós... (Jo 1, 1-18)

A antiga profecia falava da Virgem que daria à luz um menino, como sinal de que Deus é presente e acompanha os caminhos do povo da Aliança. E o nome do menino seria Emanuel, isto é, Deus conosco. Este nome profético (pois aponta para a descida do Verbo de Deus ao nosso mundo) costuma ser traduzido apenas em seu sentido social: Deus “entre nós”, isto é, no meio do povo.

Mas é muito mais amplo e profundo o sentido do nome Emanuel: Deus-conosco quer dizer Deus-em-nós, na carne dos humanos. Desde o momento da Anunciação – quando Maria ouviu do Anjo Gabriel: “O Senhor está contigo” -, tão logo disse seu sim, Maria teve consciência de que Deus estava em seu íntimo de forma palpável. Cumpria-se a promessa do Emanuel... Diferente da outra forma de “presença” do Antigo Testamento, quando Deus se “mostrava” na sarça ardente, na nuvem luminosa, nos trovões do Sinai, agora se trata de uma presença corporal, pois o Filho de Deus se encarnou e nasceu de Mulher.

Não podemos imaginar o cenário de Belém, quando dormia sobre a palha da manjedoura um Menino que era Deus, mas tinha um corpo de homem. Não sabemos recuperar aquele olhar de Maria sobre o recém-nascido, pura contemplação do Deus encarnado. No máximo, podemos nos aproximar de tudo isto, quando nossos olhos fitam Jesus eucarístico presente na Hóstia consagrada.

O verbo grego que traduzimos por “habitou entre nós” [eskénosen] esconde em seu interior a palavra “tenda” [skéne]. E eu gosto de pensar que Deus se agradou de nós a tal ponto, que veio acampar conosco, fincando definitivamente em nosso solo humano a sua barraca, a sua tenda.

Podemos encerrar o ano com o hino natalino composto por Santo Afonso de Ligório - Tu scendi dalle stelle - e traduzido por Dom Marcos Barbosa:

Desceste das estrelas, Rei celeste,

e à gruta escura e fria tu vieste:

ó divino Pequenino, eu te vejo aqui tremer,

Deus encarnado...

O quanto te custou me haver amado!

Tu, que plasmaste a terra e o céu fizeste,

faltam-te, agora, ó Deus, coberta e veste.

Ó querido estremecido, a que extremos queres vir:

esta pobreza

mostra, do teu amor, toda a riqueza.

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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