sábado, 7 de abril de 2012

PALAVRA DE VIDA

Foram ao túmulo... (Mc 16, 1-7)
            Nada menos que uma procissão fúnebre! Afinal, o Mestre está morto. Só deixou saudades. Todas as esperanças ruíram como um castelo de areia. Aqueles que ficam neste mundo manifestam sua dor levando flores e aromas à sepultura do Amado que se foi...
            Mas ocorre algo impensável: o túmulo na rocha está vazio. O jovem de branco – um anjo – chega a ser lacônico: “Não está aqui!” Nos pálidos alvores da Páscoa, os seguidores de Jesus devem mudar sua perspectiva diante da inesperada notícia: Ele ressuscitou!
            Morei 27 anos na Cidade Ozanam, em Belo Horizonte, na Paróquia São Vicente de Paulo. Os paroquianos mantinham viva a tradição do “velório” do Senhor Morto, típica de certas áreas do interior do Brasil. Na capelinha dos vicentinos, a imagem de Jesus era envolvida em aromas: ramos de alecrim, manjericão, cipreste etc. Tudo para acentuar o realismo da morte de Jesus.
            É notável a ênfase que o povo brasileiro dá à Sexta-feira Santa, em detrimento da Vigília Pascal e da Ressurreição, o que explica a igreja superlotada na celebração da morte, mas quase vazia no dia de Páscoa. Alguns analistas justificam o fato com a hipótese de serem a dor e o sofrimento o ponto de contato de nosso povo com Cristo, ao lado da falta de uma experiência de Ressurreição com Ele.
            São João Crisóstomo aponta em outra direção:
            “Que ninguém tema a morte: a morte do Salvador nos libertou dela. Ele a lançou por terra quando ela o mantinha em correntes. Ele despojou o inferno, Ele que ali desceu. Ao inferno, que queria alimentar-se de sua carne, Ele o destruiu.”
            Neste hino da manhã de Páscoa, típico da liturgia bizantina, João Crisóstomo se ri da morte:
            “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Inferno, onde está a tua vitória? Cristo ressuscitou e tu foste precipitado. Cristo ressuscitou e os demônios caíram por terra. Cristo ressuscitou e os anjos estão alegres. Cristo ressuscitou e a vida triunfa. Cristo ressuscitou e não há mais mortos nos túmulos. Pois o Cristo, ressuscitado dos mortos, tornou-se as primícias dos defuntos. A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.”
Orai sem cessar: “A morte não existirá mais...” (Ap 21,4b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

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