Eu venci o mundo! (Jo 16,29-33)

Não é preciso muita criatividade para imaginar a cara de decepção desses mesmos discípulos quando, logo a seguir, Jesus se deixa prender, torturar e crucificar. Afinal, onde estava a decantada vitória sobre o mundo? Se eles tinham esperado por um sucesso pronto, total, acabado, enganaram-se por completo. Ainda que o grão de trigo já traga em seu íntimo toda a colheita, era preciso morrer primeiro...
E este é o ensinamento do Concílio Vaticano II, no Decreto Presbyterorum Ordinis (sobre o ministério e a vida dos sacerdotes): “Aliás, o Senhor Jesus, que disse: Tende confiança, eu venci o mundo, não prometeu por essas palavras à sua Igreja uma vitória total no mundo. De fato o Sacrossanto Sínodo alegra-se de que a terra coberta com a semente do Evangelho agora frutifique em muitos lugares sob o sopro do Espírito do Senhor, que enche o orbe terrestre [...]”. (PO, 22.)
Isto pode explicar que, ainda hoje, em muitos lugares, o príncipe deste mundo esteja recebendo honras indevidas: alguém esperou por milagres e economizou trabalho... O Espírito de Deus não encontrou pés para caminhar, vozes para falar, mãos para agir. O Evangelho encontrou as portas fechadas porque alguém não quis suar a camisa. E a vitória de Cristo sobre o mundo permanece incompleta!
Um risco que sempre ameaçou a Igreja é o triunfalismo. A tendência a comemorar vitórias e hastear bandeiras antes da hora. E ignorar que estaremos em combate até a Vinda do Senhor, quando afinal o último inimigo será vencido (1Cor 15,26) e Deus “enxugará toda lágrima” de nossos olhos. (Cf. Ap 21,4.)
Sou guerreiro do Evangelho? Ou estou soltando foguetes antes da hora?
Orai sem cessar: “O Senhor é a força de seu povo!” (Sl 28, 8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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