Tu me amas? (Jo 21,15-19)

Mas existe no texto um pormenor que nossas traduções costumam ocultar. Nas duas primeiras vezes, quando Jesus faz aquela pergunta, usa o verbo “dilígere” (traduzindo o grego original do Evangelho: agapãs). Na resposta, Pedro usa outro verbo: “amare” (que traduz o grego philo). É como se nós tivéssemos este diálogo: - Tu me amas de amor? – Sim, eu te amo de amigo...
O verbo da pergunta é muito mais exigente, exprime um amor mais elevado, um amor de adoração, como aquele que se dirige a Deus. O verbo da resposta é menos exigente, expressa uma afeição de simpatia e de amizade. Mas, na terceira pergunta, Pedro chega a chorar... Para sua surpresa, desta vez o Mestre deixa de lado o verbo mais exigente e, baixando o nível, faz a pergunta com o mesmo verbo que Pedro vinha empregando em suas respostas: “Tu me amas de amizade?”
Deus é assim. Está pronto a aceitar o limitado amor que, no momento, podemos manifestar. Ele sabe que sempre podemos crescer no amor, dia após dia, até chegar às alturas do martírio. Ora, foi assim com Pedro. Mais tarde, seria encontrado em Roma, crucificado como o Mestre, e capaz de responder: “Sim, Senhor, eu te amo de adoração!”
Quanto a nós, o mais importante é considerar que Jesus, a cada resposta de Pedro, insistia no mesmo ponto: “Apascenta os meus cordeiros! Apascenta as minhas ovelhas!” É como se Jesus dissesse: “Ah! É assim? Tu me amas? Então prova-me isto, cuidando daqueles que são meus! Quem me ama, pastoreia!”
Pais gerando filhos, professores educando alunos, catequistas instruindo seus pequenos, patrões zelando por seus empregados, sacerdotes orientando os fiéis para Cristo – todos eles estão respondendo à pergunta de Jesus: “Tu me amas?”
E você? Ama a Jesus?
Orai sem cessar: “Eis-me aqui, Jesus, para cuidar de teu rebanho!”
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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