terça-feira, 19 de junho de 2012

PALAVRA DE VIDA

Amai os vossos inimigos! (Mt 5,43-48)

Os amigos, nós escolhemos. Os inimigos, não. Muitas vezes, já nascemos com inimigos. Perguntem à criança palestina, cujo pai morreu antes que ela nascesse, fuzilado por uma patrulha israelense... Perguntem ao menino negro do Sul dos EUA, que não podia sentar-se no ônibus se houvesse brancos na mesma viagem... Perguntem à jovem croata, cujo filho nasceu depois de ser estuprada por um soldado sérvio... Aí, vem o Senhor Jesus – aquele que mataram em uma cruz – e diz-nos com voz suave e firme: “Amai os vossos inimigos!” Ah! Parece impossível! Fazer como Estevão, o primeiro mártir, que rezou enquanto era lapidado: “Senhor, não lhes leves em conta este pecado!” (At 6,60.)

Bem, pode não ser fácil, mas Jesus não nos pediria algo impossível. Todos sabem que ele tinha um QI bem alto, não diria nenhuma besteira para nós! É que o Mestre tem algo em mente, um elevado ideal a ser perseguido por nós. É como se dissesse: “Afinal, vocês querem, ou não, ser filhos do Pai do Céu? Ele, que faz o sol nascer para todos – os justos, seus amigos, e os injustos, seus inimigos! E manda a chuva cair no quintal de uns e de outros, igualmente...” E arremata: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste!”

Então é isto! O Pai celeste não conhece o ódio. Ele é todo amor. Se nosso coração também ficar cheio de seu amor, também esvaziaremos o ódio de nosso interior. Se o Espírito de Deus mover nossas emoções e sentimentos, então os nossos atos serão também marcados pelo amor.

Alguém dirá: Você não conhece meu patrão! Não conhece meu vizinho! Você não conhece minha sogra! E eu direi: É verdade. Não os conheço. Mas eu ME conheço. Sei de meus defeitos. Sei de meus pecados. E preciso ser perdoado e amado, senão minha vida será um inferno. E se eu preciso de perdão e de amor, como poderia negar o mesmo amor e o mesmo perdão aos outros?

Bem, vamos fazer um reparo. O cristão não tem inimigos. Pode ser perseguido, caluniado, martirizado, mas se recusa a classificar seu algoz como inimigo. Afinal, se o martírio nos abre a porta do céu, nosso carrasco nos faz imenso bem! E os pequenos algozes de cada dia, aqueles que nos fazem sofrer de mil maneiras, também eles colaboram para nossa santificação. Logo, não são inimigos, são colaboradores...

A quem eu devo perdoar, para merecer o nome de filho de Deus?

Orai sem cessar: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem!” (Lc 23,34)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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