Não julgueis! (Mt 7,1-5)

Quando um crime com traços de barbárie vem a público, muitas vozes se erguem para clamar por pena de morte, quando o criminoso não é linchado pela população antes da chegada da polícia. Tomamos a justiça nas próprias mãos. Sentimo-nos capazes de avaliar os impulsos que levaram o criminoso ao crime. Talvez devamos confessar: alimentamos ódio pelo criminoso...
Aí, vem Jesus – que será nosso Juiz, no Juízo Final – a ordenar: “Não julgueis”... E acrescenta: “Para não serdes julgados”... Lembra nossa condição de réus: todos nós devemos passar por um “juízo particular” ao final de nossa vida (cf. Hb 9,27). Na Segunda Vinda, o Senhor “há de vir a julgar os vivos e os mortos”, professamos no Símbolo dos Apóstolos. Logo, não estamos em condição de bancar o promotor nem o magistrado que condena conforme a lei.
E se ainda fosse pouco, Jesus acrescenta: “Com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos”. O rigoroso encontrará rigor. O impiedoso terá impiedade. O misericordioso achará misericórdia. E Deus ama os criminosos como os pais continuam amando os filhos pródigos. Sabendo disso, S. Teresinha do Menino Jesus, ainda adolescente, ao ter notícia de um criminoso que seria levado à guilhotina, resolveu adotá-lo como “seu filho”. E pediu a Deus um sinal de sua conversão. Na hora do cadafalso, registram os jornais da época, Henri Pranzini tomou o crucifixo das mãos do sacerdote e beijou-lhe as chagas. Já no Séc. XX, também Marthe Robin ofereceu suas dores e preces por Jacques Fesch, um homicida. Na prisão, o criminoso voltou-se para Deus e morreu com fama de santidade. Seu diário justifica tal fama.
Com certeza, haverá surpresas no outro mundo. Certas ausências no céu (e certas presenças no inferno) confirmarão a frase de Jesus: “Não julgueis!”
Sei perdoar? Compreender os erros? Ou prefiro julgar e condenar?
Orai sem cessar: “Este miserável clamou e o Senhor o ouviu!” (Sl 34,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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