
No domingo seguinte ao da Ressurreição, de novo os discípulos reúnem-se no Cenáculo – o mesmo “salão de cima” onde haviam celebrado com Jesus a Última Ceia. Ali mesmo onde, dias depois, receberiam o dom do Espírito Santo com vento de tempestade e línguas de fogo individuais. Desta vez, Tomé, ausente no domingo anterior, também se faz presente, pois tinha ouvido o testemunho dos demais: “Vimos o Senhor!” “Vimos” com nossos olhos!
A resposta de Tomé fora “científica”, antecipando o racionalismo experimental de nossos dias: “Só acredito vendo! Com meus próprios olhos! E só depois de tocar a marca dos cravos com meu próprio dedo!” Estamos em pleno império dos sentidos: nada é crível se não puder ser comprovado com régua e compasso. Observação e experimentação são os únicos canais para o conhecimento.
E Deus aceita a parada! As portas fechadas, contra toda a física humana, Jesus ressuscitado atravessa as paredes, contorna o muro da matéria e se faz visível, convidando Tomé a realizar sua “prova”. Sua “experiência”. Isto é demais para o pobrezinho, que professa, comovido: “Meu Senhor e meu Deus!”
Ainda hoje, temos numerosos Tomés entre nós. Negam o invisível. Recusam a possibilidade do milagre, aferrados a meia dúzia de leis físicas, químicas e biológicas (aliás, estabelecidas pelo próprio Dono dos milagres). Seu Evangelho é todo adaptado às novas importações da psicologia e das ciências experimentais, e modo que a razão tenha o primado sobre o ato de fé.
E é bom que assim seja! Eu, de minha parte, sou muito grato ao primeiro Tomé, pois foi a sua dúvida metódica que me deu a certeza: o Ressuscitado é o Crucificado. As feridas abertas no corpo glorificado me bastam como prova real. Se Tomé não tivesse duvidado, talvez duvidasse eu...
E Jesus, a rematar a cena: “Feliz daquele que não viu... mas crê!”
Orai sem cessar: “Creio, Senhor, mas aumentai minha fé!”
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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