sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PALAVRA DE VIDA

 Não levaram o azeite... (Mt 25,1-13)
            Eis uma opção muito arriscada: deixar para comprar o óleo em cima da hora e... perder as Bodas do Noivo que chega em horário imprevisto. Sem a necessária reserva de azeite, apagam-se as lamparinas... e a noite é tenebrosa para as virgens loucas...
            Assim comenta esta parábola São Serafim de Sarov, o místico russo do Séc. XIX, em seu “Diálogo com Motovilov”:
            “Mesmo praticando virtudes, estas virgens, espiritualmente ignorantes, acreditavam que a vida cristã consistia nessas práticas. Nós temos agido de maneira virtuosa, temos feitos obras pias, pensavam elas, sem cuidar se tinham, ou não, recebido a graça do Espírito Santo. Sobre esse gênero de vida - baseado unicamente na prática das virtudes morais, sem um exame minucioso para saber se elas trazem, e em que quantidade, a graça do Espírito de Deus – está escrito nos livros patrísticos: ‘Certas vias, que parecem boas no início, conduzem ao abismo infernal’. (Pr 14,12.)”
            Para o místico russo, a vontade de Deus para nós - que nem sempre coincide com nossa própria vontade humana - é a aquisição do Espírito Santo, tesouro inesgotável, superior a todo tesouro deste mundo. Assim, o autor vai adiante: “É justamente a graça do Espírito Santo, simbolizada pelo azeite, o que faltava às virgens loucas. Elas são chamadas ‘loucas’ porque não cuidavam do fruto indispensável da virtude, que é a graça do Espírito Santo, sem a qual ninguém pode ser salvo, pois, segundo diz a Antífona antes do Evangelho das Matinas, ‘toda alma é vivificada pelo Espírito Santo a fim de ser iluminada pelo mistério sagrado da unidade trinitária’”.
            Para São Serafim, “a coexistência em nós de sua unidade trinitária com nosso espírito só nos é dada sob a condição de trabalhar por todos os meios para obter o Espírito Santo que prepara em nós um lugar digno desse encontro, segundo a palavra imutável de Deus: ‘Eu virei e habitarei neles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo’. (Lv 26,11-12.) Este é o óleo que as virgens sábias tinham em suas lâmpadas, óleo capaz de queimar por longo tempo, alto e claro, permitindo esperar a chegada do Esposo, à meia-noite, e entrar com ele na câmara nupcial da eterna alegria”.
            Curioso contraste: preciso arder nas chamas do Espírito de Deus para não arder nas chamas do inferno...
Orai sem cessar: “Vou preparar uma lâmpada para meu ungido.” (Sl 132,17)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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