segunda-feira, 24 de setembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Não há nada oculto que não venha à luz... (Lc 8,16-18)
            Há vários anos, nós estamos vivendo o Brasil das CPIs. Dirigentes viram réus. Reputações rolam na sarjeta. Acordos firmados na sombra da noite são revelados à luz do sol. E confirma-se a palavra de Jesus: nossos pecados – ainda que no dia do Juízo Final – serão todos revelados. Inútil o esforço de simular uma fachada de bem quando o vício e o pecado vicejam em nós. Mais cedo ou mais tarde, nossas máscaras cairão...
            Mas esta passagem é inseparável da imagem daquela lâmpada de azeite, que a dona da casa acende, ao entardecer, e deposita sobre o candelabro, bem no alto, para que toda a casa fique iluminada. Em Nazaré da Galileia, durante 30 anos, esta cena se repetia todas as noites. E Jesus, desde menino, devia contemplar o rosto de sua Mãe e pensar no significado de seu gesto: “É ela quem ilumina a escuridão da nossa noite. Quando eu crescer, também quero iluminar o mundo inteiro. Quero ser a luz do mundo!”
            Também José era contemplado por Jesus. Esse homem justo (cf. Mt 1,19) também iluminava o Menino com seus exemplos. A presença paterna, sua dedicação ao trabalho, sua ternura com Maria, sua retidão nos negócios – tudo era uma lâmpada acesa diante de Jesus. Além de aprender a profissão de seu pai nutrício, Jesus aprenderia seu jeito de andar, a música de sua voz, sua vida de oração.
            Quando, mais tarde, o Mestre da Galileia ordenar que nossa luz brilhe diante dos homens, é claro que não nos impele a “fazer farol”, a assumir uma atitude exibicionista. No fundo, ele nos alerta para a importância fundamental dos bons exemplos, para seu poder de contágio e de irradiação. Mais que as palavras etéreas, os gestos concretos arrastam o mundo. Menos discursos, mais atitudes...
            Em várias ocasiões, o inesquecível Papa João Paulo II nos lembrava que “o homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos fatos do que nas teorias”, e que “o testemunho da vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão”. (Cf. Redemptoris Missio, 42.)
            Muita gente reclama da escuridão. Poucos acendem uma vela...
            Como anda a nossa lâmpada? A luz do Espírito Santo arde em nós? Estamos ajudando a iluminar as trevas de nosso século?
Orai sem cessar: “Senhor, sabeis tudo de mim!” (Sl 139,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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