Será um sinal... (Lc 11,29-32)
Quando
Nínive recebeu a visita de Jonas (ainda que o profeta ali chegasse a
contragosto), seus habitantes levaram a sério o prenúncio de um “castigo do
céu”. Por isso mesmo, fizeram penitência.
Penitência...
Uma palavra antiga, algo desusada, que a Quaresma insiste em recordar, ainda
que se resuma a um pouco de cinza na testa... Penitência que devia ser um sinal
exterior de uma disposição interior. Algo que falasse, por fora, do profundo
pesar interior de ter pecado e ofendido um Deus todo-amor.
Na Carta
apostólica “Porta Fidei”, o Papa diz
que “o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor,
único Salvador do mundo”. Ou seja, trata-se de mais uma oportunidade que Deus
nos concede para orientar nossa vida segundo sua vontade e seu plano de
salvação.
Em Nínive, os
habitantes – até o rei! – fizeram jejum e vestiram roupas ásperas, invocando a
misericórdia de Deus. Mesmo os animais ficaram sem a ração de costume. De algum
modo, a figura de Jonas sinalizara aos ninivitas a urgência da crise, a
premência da conversão, a singularidade daquele momento.
Quando veio
Jesus Cristo – muito maior que Jonas! (cf. Lc 11,32) -, também ele devia ser
percebido como o máximo sinal da parte de Deus: uma oportunidade extrema de
salvação. Mesmo ao ressurgir, ao terceiro dia, como Jonas, continuou repelido e
rejeitado pelos homens do Templo, pelos guardas da Lei. Acolhido apenas por
pecadores e prostitutas, guerrilheiros e velhos pescadores, os publicanos e a
ralé desqualificada...
Veio o ano
70 d.C. As legiões de Tito arrasaram Jerusalém. Num raio de 50km, os romanos
cortaram cada árvore, para que a resistência não pudesse encavar uma foice, uma
só lança. Do Templo, só restou um muro lateral. Os sacrifícios a Yahweh se
interromperam-se. A oportunidade tinha passado...
E nós? De
que sinais ainda necessitamos? Uma Terceira Guerra mundial? Um conflito
atômico? Outra epidemia além do Ebola, da Aids e da gripe aviária? Mais alguns
tsunamis? Mais 2 bilhões de famintos? Outro furacão em Nova Orléans? A morte do
último padre? A separação do último casal?
Não me
entendam mal. Não estou dizendo que tudo isso é “castigo” de Deus. Digo já
temos sinais suficientes para buscar em Deus um sentido para nossa vida. E já
conhecemos muito bem resultado de uma existência sem Deus.
E este pode
ser o último sinal...
Orai sem cessar: “Senhor, não abandoneis a obra de
vossas mãos!” (Sl 138,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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