Ele cresce... (Lc 13, 18-21)

Sim, Jesus
também insinua que a semente da mostarda – por mínima que seja – já traz em seu
interior um dinamismo que a impelirá a crescer e frutificar. Aquilo que parecia
sem força e sem valor, agora é um arbusto (com cerca de 3m de altura, lá na Palestina),
capaz de abrigar as aves do céu e seus ninhos.
Um dos
simbolismos bíblicos para as “aves do céu” é o “estrangeiro”, os povos que não
eram Israel, os que vinham “das ilhas”, isto é, de longe. Assim, o Reino de
Deus há de se expandir a ponto de acolher em seu seio também aqueles que “não
eram povo” (cf. 1Pd 2,10).
A mesma ideia
de crescimento oculto, subterrâneo, é repetida na pequena parábola do fermento.
Nesta, Jesus se vale da imagem que contemplava em Nazaré: Maria juntando
farinha, água e fermento, preparando em silêncio a massa do pão de cada dia.
Durante a noite, a massa “descansava” na janela. Ao amanhecer, misteriosamente,
uma força interior fizera crescer os pães. E o Menino Jesus, futuro Rabi da
Galileia, meditava: “É assim que o Reino de meu Pai há de crescer, mesmo na
escuridão da longa noite dos homens...”
O mundo
capitalista, alimentado de produção e consumo, de pragmatismo e eficiência,
prefere os gestos grandiloquentes, as realizações “macro”, modernas torres de
Babel. Deus é pobre. Deus é simples. Prefere os inícios humildes. Trabalha
sempre na sombra, como os 30 anos de vida oculta em Nazaré...
E nós?
Estamos contribuindo para a construção do Reino de Deus com os pequenos gestos
de amor de cada dia? Valorizamos também as pequenas tarefas enquanto sinal de
afeto e de compromisso? Já chegamos a perceber a importância das pequeninas
ações, fermento de vida e impulso criador, humildes tijolos da humanidade?
Ou ainda
estamos cegos à ação do Espírito, que age em surdina na matéria do mundo?
Orai sem cessar: “Venha a nós o vosso Reino!” (Mt 6,10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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