terça-feira, 20 de novembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Vou restituir o quádruplo! (Lc 19,1-10)

     Em pleno banquete, cercado de gente conhecida, Zaqueu se toca com a presença de Jesus em sua casa e manifesta publicamente a decisão de restituir os valores que arrecadara em excesso, de modo fraudulento. Estamos diante de um caso de “reparação”. 
     Quando nós nos confessamos e recebemos uma “penitência”, o sentido profundo dessa prática é exatamente a reparação do mal causado por nossos pecados, além de nos fortalecer para os próximos combates espirituais. Arrependidos de nossos vícios e crimes, pedimos (e recebemos!) o perdão de Deus, mas ainda estamos obrigados a reparar o mal que cometemos. 
     Assim nos ensina o “Catecismo da Igreja Católica” (nº 2487): “Toda falta cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de reparação, mesmo que seu autor tenha sido perdoado. Quando se torna impossível reparar um erro publicamente, deve-se fazê-lo em segredo; se aquele que sofreu o prejuízo não pode ser diretamente indenizado, deve-se dar-lhe satisfação moralmente, em nome da caridade. Esse dever de reparação se refere também às faltas cometidas contra a reputação de outrem. Essa reparação, moral e às vezes material, será avaliada na proporção do dano causado e obriga em consciência.” 
     O gesto de reparação é a prova cabal de um coração contrito e arrependido. Tanto que Jesus não consegue evitar o comentário final: “Hoje, a salvação entrou nesta casa!” 
     Quando os órgãos de imprensa lançam lama sobre a reputação de gente inocente, raramente tentam reparar os erros cometidos. A manchete de lama vem na primeira página; o “erramos” vem no miolo do jornal, em letrinhas bem pequenas. Nós não podemos ser assim. 
     Conta-se que uma mulher procurou Santo Afonso de Ligório para se confessar. Seu pecado de estimação era a calúnia. O Santo teria deixado a confissão interrompida, ordenando que a penitente fosse a casa, pegasse uma galinha e voltasse até a igreja, depenando a pobrezinha. De volta ao confessionário, recebeu a penitência: recolher todas as penas que viera jogando pelas ruas. A infeliz disse: - “Mas isto é impossível! O vento já espalhou todas elas...” E o Santo: - “Assim também não há como recolher todas as calúnias que você tem feito contra os outros...” 
     Temos procurado reparar os erros do passado?
     Orai sem cessar: “Feliz o homem cujo pecado foi absolvido!” (Sl 32,1) 
     Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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