quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Venho em teu socorro! (Is 41,13-20)

     Logo no início do Segundo Isaías, Deus se manifesta como Aquele que desce até o homem e o toma pela mão. O Eterno vem ao efêmero. O Onipotente abraça a fragilidade. Ou, para não fugir às imagens do próprio Isaías, o Senhor ama Jacó, o vermezinho, e o povo de Israel, amontoado de cadáveres. 
     Alguém se ofenderia com estas expressões? Nossos atos de baixeza não justificam a figura do verme? O túmulo do pecado não nos transforma em cadáver? Pois é a nós que se dirige a profecia do Dêutero-Isaías com a promessa de uma restauração universal: rios que brotam das encostas rochosas, deserto que se faz oásis, o areal coberto de arvoredo – tudo para que vejam e saibam, reflitam e entendam, juntos, que foi a mão do Senhor que fez isto. 
     Cada vez mais, a Igreja se faz sensível a este “comportamento” de Deus e percebe seu amor preferencial pelos decaídos, os pobres e pequeninos, os doentes que precisam de médico, os pecadores que precisam de perdão (cf. Mt 9,12; Mc 2,17). Quando os céticos perguntam: “Onde está esse mundo novo que os profetas anunciaram? Onde está Deus, que não conserta o mundo?” Cabe a nós demonstrar, por nosso compromisso com os que sofrem, que Deus permanece debruçado sobre a humanidade. 
     Em sua primeira encíclica – Deus Caritas Est – o Papa Bento XVI deixou bem claro que nossa “mística” tem um caráter social: “a união com Cristo é, ao mesmo tempo, união com todos os outros aos quais Ele se entrega. Eu não posso ter Cristo só para mim; posso pertencer-lhe somente unido a todos aqueles que se tornaram ou que se tornarão Seus. A comunhão tira-me para fora de mim mesmo, projetando-me para Ele e, desse modo, também para a união com todos os cristãos.” (DCE, 14.) 
     Hoje, neste início de milênio, o cumprimento de muitas promessas de Deus está na dependência de nosso compromisso e de nossa participação na edificação do Reino tão sonhado. Na prática, trata-se acumular menos e partilhar mais; trata-se de perder tempo com gente que espera por um olhar, uma frase de amor. Trata-se de unir-se a gente que, aparentemente, não tem a nossa fé, mas vive um Evangelho feito de caridade e compaixão. Aproximar-se do pobre e dizer: “Venho em teu socorro!” 
     Assim, antes tarde do que nunca, o deserto se fará floresta e as rochas manarão rios de água viva...
     Orai sem cessar: “O Senhor é bom para com todos!” (Sl 145,9) 
     Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário