sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Saltou de alegria... (Lc 1,39-45)

      No relato de S. Lucas, a simples aproximação de Maria, já portadora do Filho de Deus em seu ventre sagrado, foi suficiente para que João Batista, ainda em sua vida pré-natal, reagisse com alegria. Estamos diante de uma verdade que parece esquecida: a experiência cristã é fonte de profunda alegria. Ao relatar a descoberta de Deus e sua conversão ao cristianismo, o escritor inglês C. S. Lewis intitulou seu livro “Surprised by Joy” (surpreendido pela alegria). No livro dos Atos dos Apóstolos, logo após Pentecostes, São Lucas registra: “Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza.” (At 4,46.) Anotou também o efeito da pregação de Filipe em Samaria: “Por este motivo, naquela cidade reinava grande alegria.” (At 8,8.) 
      Ora, pode ser que nossas reuniões, celebrações, e mesmo o “clima” geral de nossa vida como cristãos não estejam irradiando a mesma alegria. Olhando de fora, o pagão pode ter a impressão de que somos um povo triste, sem ânimo e vibração. E se isto acontece, afastamos as pessoas de Jesus Cristo, que tinha uma intenção completamente diferente: “... Mas a vossa tristeza há de se transformar em alegria”. (Jo 16,20b.) “... E o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria”. (Jo 16,22.) “Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.” (Jo 16,24.) 
     É clássico o refrão: “Um santo triste é um triste santo.” Quem conviveu com pessoas santas, sabe que elas são alegres, irradiantes. Sua alegria não lembra a alacridade das maritacas; antes, é uma espécie de letícia, serena mas profunda, de quem vive mergulhado em Deus, mesmo num mundo em crise. Sim, a alegria é fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5,22), ao lado da paz, da paciência e da brandura. Quem se volta para Deus e busca seu perdão, livra-se de sentimentos negativos que já pareciam constituir na pessoa uma segunda natureza. Ao contrário, uma vida “na carne” leva à tristeza, à depressão e impulsos de autodestruição, como obscura colheita do pecado.
      Marthe Robin, a fundadora dos “Foyers de Charité”, mesmo imobilizada em um pequeno divã por mais de 50 anos, alimentada exclusivamente por uma comunhão semanal, notabilizou-se por uma alegria infantil que contagiava a todos que faziam contato com ela. E Marthe assumia em sua oração a tristeza e as cruzes de seus visitantes, que dali saíam libertos e transfigurados. 
     Que tipo de cristão queremos ser? 
     Orai sem cessar: “Transformaste meu luto em dança!” (Sl 39,12) 
     Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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